A inflação não é mais um dragão é, no máximo, "um crocodilozinho". Foi assim que o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, tratou a aceleração recente no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - referência para a meta de inflação. Segundo ele, esta alta reflete a combinação de entressafra agrícola com o consumo "bombando" e no caso do IGP-M, a alta do dólar. Veja também: Mantega avalia que alta de preços é 'sazonal' Para combater essa pressão nos preços gerada pelo crescimento acelerado no consumo, o ministro disse que é preciso estimular os investimentos para elevação da oferta. "Já estamos fazendo isso. O governo é bom", disse Bernardo, em tom bem-humorado. Afirmou que é necessário avaliar se essa alta nos preços é pontual ou se vai perdurar nos próximos meses e que a inflação sempre preocupa, tendo sido até sinônimo de doença no Brasil no passado. Ele ressaltou que manter os índices de preços sob controle é tão importante que existe um órgão do governo cuja principal preocupação é manter a inflação sob controle, referindo-se ao Banco Central. E elogiou o trabalho do BC nos últimos quatro anos e meio, que conseguiu fazer com que a inflação tenha sobressaltos. O ministro explicou que a projeção de inflação de 4% para 2008 na proposta da Lei Orçamentária é a do mercado. Ele deu essa declaração para esclarecer o motivo pelo qual o governo não incluiu na proposta orçamentária a meta de 4,5% definida pelo Conselho Monetário Nacional. Segundo o ministro, não faria sentido o governo colocar no Orçamento meta maior do que a das projeções. Perspectivas para os juros Bernardo evitou fazer apostas sobre a próxima decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) diante de um cenário de inflação mais pressionada e um mercado internacional em turbulência. "Não sou a favor de se fungar no cangote do BC", disse o ministro, que também falou que o mercado financeiro costuma ficar nervoso por qualquer motivo.