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Inflação pelo IGP-DI é a mais alta desde fevereiro de 99

Por Agencia Estado
Atualização:

Os preços no atacado também sofreram forte impacto na alta do dólar em outubro e elevaram para 4,21% a inflação medida pelo Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna (IGP-DI), a maior variação desde fevereiro de 1999, logo após a megadesvalorização do real, quando atingiu 4,44%. Em setembro, a variação do índice divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) havia sido bem menor, de 2,64%. Assim como ocorreu no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), houve forte aumento dos produtos alimentícios, tanto no atacado quanto no varejo, pressionados pela moeda norte-americana. No ano, o IGP-DI já acumula alta de 16,3% e nos últimos 12 meses, de 17,4%. O responsável pelo índice na FGV, Salomão Quadros, destacou que no Índice de Preços do Atacado (IPA-DI, que tem peso de 60% no IGP-DI e apresentou alta de 6,02% no mês) houve forte impacto dos alimentos, que registraram um aumento de 9,1%, quase o dobro dos 5,23% de setembro. As maiores altas ocorrem em produtos diretamente vinculados ao dólar, como trigo (30,83%), soja (14,15%) e milho (23,46%). Os produtos alimentícios também tiveram alta significativa no Índice de Preços ao Consumidor (IPC-DI, alta de 1,14% no mês, com peso de 30% no IGP-DI), passando de 1,51% em setembro para 2,10% em outubro. Nesse caso, os maiores aumentos ocorreram no pão francês (2,76%), óleo de soja (10,72%) e macarrão (4,81%). Quadros afirmou que no acumulado dos últimos três meses até outubro o preço dos alimentos no IPA subiu 18,54% e no IPC, 5,57%, o que revela um repasse de 30% do atacado para o varejo. Mas ele ressalta que os repasses não devem ter terminado por aí. "Não há por que acreditar que o repasse já acabou, o processo pode vir a se arrastar por um tempo, mesmo com o dólar em queda", disse. Segundo Quadros, a valorização de 13% do dólar em outubro foi o principal impacto para a alta de 4,21% do índice do mês. Para ele, esse efeito fica "evidente" no salto dado pelo IPA, que passou de 3,84% em setembro para 6,02% em outubro. O economista disse também que os resultados do núcleo da inflação do IPC-DI de outubro mostram que está ocorrendo uma "disseminação de aumentos de preços" no varejo. O núcleo registrou alta de 0,97%, a maior desde fevereiro de 1999 (1,02%). O índice elimina os 20% maiores e menores pesos na inflação do mês. "A disseminação vem ocorrendo inclusive por causa dos aumentos dos custos com o dólar", afirmou Quadros. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-DI) registrou variação de 1,13% em outubro, sob efeito da elevação dos preços de materiais e serviços (1,79%) e do aumento da mão-de-obra (0,44%), como resultado dos dissídios ocorridos em Pernambuco e no Pará.

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