RIO – Os brasileiros mais pobres sentiram menos o impacto dos aumentos de preços na economia em novembro, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda de novembro aponta que a população de renda muito baixa foi afetada por uma inflação de 0,07% no mês ante taxa de 0,34% na faixa de renda alta.
O indicador separa por seis faixas de renda familiar as variações de preços medidas pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os grupos vão de renda familiar de até R$ 900 por mês, no caso da faixa com renda muito baixa, até renda mensal familiar acima de R$ 9 mil, no caso da renda alta.
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No mês, o IPCA foi de 0,28%. De janeiro a novembro, a inflação dos mais pobres acumula alta de 1,83%, resultado inferior ao registrado pela classe de renda mais alta, que sentiu aumento de preços de 3,22% no período. O IPCA no ano foi de 2,80%.
A redução dos preços dos alimentos foi o principal responsável pelo arrefecimento da inflação em 2017, o que se refletiu, especialmente, num alívio sobre o orçamento das famílias de menor poder aquisitivo, afirmou José Ronaldo de Castro Souza Júnior, diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea.
Os alimentos são o grupo de maior peso nos gastos totais das famílias mais pobres. A deflação de 0,38% nos alimentos em novembro contribuiu para diminuir em 0,16 ponto porcentual a inflação da renda mais baixa, enquanto que para a classe mais rica a ajuda foi de -0,05 ponto porcentual.
"O grupo Transportes teve impacto diferenciado entre as faixas de renda. Como alguns transportes públicos ficaram mais baratos, eles contribuíram para reduzir a inflação entre as famílias mais pobres. Mas, como os combustíveis ficaram mais caros e as famílias mais ricas usam mais os automóveis, o grupo pesou mais na inflação da renda mais alta", explicou Souza Júnior.
As tarifas dos ônibus urbanos (0,6%) e interestaduais (1,6%) recuaram em novembro, dois itens de grande peso no orçamento dos mais pobres. Em contrapartida, a alta de 2,9% no preço da gasolina impactou a taxa das classes mais ricas, que tem gasto com combustíveis maior.
Os reajustes das tarifas de energia elétrica (4,2%) e do gás de botijão (1,6%) significaram aumento de 0,29 ponto porcentual na inflação dos mais pobres, mas apenas 0,11 ponto porcentual na taxa sentida pelos mais ricos.