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Inflação pode levar Copom a elevar novamente a Selic

Por Agencia Estado
Atualização:

A pressão inflacionária está forte, maior do que a maioria dos analistas previa, e isso poderá levar o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) a elevar a taxa de juros básica (a Selic), na sua próxima reunião. Essa é a opinião do economista José Márcio de Camargo, da Tendências Consultoria, manifestada em entrevista ao programa Conta Corrente, da Globo News. Contudo, ele considera exagerada a estimativa feita por José Maria Miranda, assessor do Ministério do Planejamento (logo combatida pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci) de que a elevação poderia ficar em torno de 4%. Para Camargo, o aumento poderá ficar em torno de um ponto percentual, o que seria uma demonstração a mais da seriedade com que o atual governo vem conduzindo a política monetária. De qualquer forma, ele considera que, na hipótese de uma guerra prolongada no Iraque, a elevação da Selic poderá chegar àquele número (4%), mas não na próxima reunião do Copom. Elogio a Palocci O economista gostou da resposta do ministro Palocci ao assessor do Planejamento, quando disse que quem decide sobre o juro é o Copom, do qual aliás o próprio ministro da Fazenda não participa. "Eu acredito que, se for necessário, o Banco Central vai fazê-lo (aumentar os juros em 4%), mas não acredito que seja necessário neste momento. Mas, eu acredito sim, que vai ser necessário um aumento na taxa, muito provavelmente na próxima reunião do Copom." E estimou que esse aumento pode ficar em 1%, o que elevaria a Selic para 26,5%. Taxa real Segundo Camargo, a Selic está hoje relativamente baixa para um momento de crise. "Todo mundo se lembra de que, quando houve a desvalorização (do real) de 99, o Banco Central colocou a taxa de juros em 45% ao ano, com uma taxa de inflação muito menor do que a que está sendo projetada hoje." E completou perguntando se o governo Lula irá optar mesmo por uma economia estável ou não. Se a resposta for positiva, serão necessárias medidas ortodoxas num primeiro momento, o que só serviria para elevar a credibilidade da equipe econômica. "Eu acho que o governo está na direção correta. O choque de credibilidade dado no começo do governo Lula foi muito importante para reduzir o risco Brasil, que caiu de 2.500 para 1.300 pontos.". Primeira reforma José Márcio Camargo considera que para mudar o cenário de juros altos, o governo vai ter de fazer, em primeiro lugar, uma reforma previdenciária "bastante dura", mesmo que seus resultados para as contas públicas não sejam imediatos. Em seguida, seria a vez de uma reforma fiscal, que considera mais factível do que a reforma tributária. Em sua opinião, a aprovação dessas reformas seria um sinal inequívoco para os agentes econômicos de que, no caso da previdência pública, o equilíbrio fiscal poderá ser finalmente alcançado no médio prazo. O economista considera um absurdo o déficit da Previdência brasileira (53 bilhões de reais no setor público e 17 bilhões na área privada). "Nós temos não mais do que 7% de pessoas existindo no Brasil com mais de 65 anos de idade. Nós gastamos 11% do PIB todos os anos com previdência especial. Os países da OCDE têm mais de 20% da população com mais de 65 anos e gastam 13% do PIB com previdência social.". E concluiu: "É claro que o nosso sistema deve ser equilibrado. É claro que os agentes econômicos olham para estas contas e percebem que elas não são sustentáveis no longo prazo." Reforma tributária Para José Márcio Camargo, será muito difícil chegar a um consenso sobre a reforma tributária, já que os governos federal, estaduais e municipais não querem perder receitas. "Ninguém quer pagar mais imposto, mas também tem muita gente que quer pagar menos. Conseqüentemente, a disputa vai ser muito grande. Eu acho que, mais prioritário que a reforma tributária, é uma reforma fiscal. Ou seja, uma reforma que efetivamente melhore a estrutura de gastos no País."

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