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Inflação preocupa mercados

Índices de inflação acima do esperado preocuparam mercado financeiro, mas especialistas acreditam que haverá declínio em setembro. A insuficiência de rentabilidade diante da inflação ensinou o investidor a diversificar as aplicações.

Por Agencia Estado
Atualização:

"A inflação de setembro tem a obrigação de cair". Essa expressão é cada vez mais repetida no mercado financeiro desde que a alta da inflação ficou acima das expectativas. Por dois meses seguidos - julho e agosto -, os índices projetaram incertezas sobre o cumprimento de metas de inflação definidas pelo Banco Central: 6% acumulada neste ano e 4% em 2001, admitindo-se, em ambas, desvio de dois pontos para cima ou para baixo. A inflação deste mês dá sinais de que perdeu força e tende a declinar. As primeiras prévias de inflação de setembro serão divulgadas a partir desta semana, mas os últimos dados de inflação de agosto sugerem a perspectiva de desaceleração da alta de preços em setembro. A inflação projetada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) para este mês, calculada pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), está abaixo de 0,50%, uma queda substancial em relação à de 1,55% apurada em agosto. O coordenador do índice da Fipe, Heron do Carmo, afirma que é baixo o risco de descontrole da inflação, já que as fontes de pressão associadas à alta dos preços de alimentos, administrados e de tarifas públicas estão se revertendo. Entre os fatores que podem pressionar ainda mais a inflação, ele aponta a elevação dos preços do petróleo, que, além de encarecer os preços de combustíveis internamente, afeta também os preços de outras matérias-primas utilizadas na produção. Fora isso, Heron do Carmo não acredita, por exemplo, que o aumento da demanda abra espaço para a elevação de preços, que por sua vez estão relacionados com a ampliação da margem de lucro das empresas. As taxas de juros ainda estão bastante altas e a aceleração da inflação nos últimos meses empobreceu a população e cortou a renda do consumidor. Lição para o investidor Tudo indica que o recuo da inflação vai devolver ao investidor de renda fixa a margem real de juro perdida nos dois últimos meses. A insuficiência de rentabilidade diante da inflação deixou claro para o investidor que, para não ficar preso ao rendimento limitado da renda fixa, é preciso diversificar as aplicações e correr risco na renda variável. Em tempos de estabilidade econômica, é preciso avaliar também o rendimento por períodos mais amplos, e não em intervalos curtos de um a dois meses. O coordenador da Fipe afirma ainda o rentabilidade deve ser comparada com índice de consumo. "É descabida a comparação com índices que carregam preponderantemente a variação de preços no atacado, como o IGP ou IGP-M", diz.

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