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Inflação seguirá na meta com FMI

Depois dos aumentos acima do esperado da inflação em julho e agosto, a maioria dos analistas revê a previsão para a taxa básica de juros, Selic, neste ano. O maior consenso agora é em torno de uma taxa anual de 16%, contra até 15% previstos.

Por Agencia Estado
Atualização:

Para o ex-ministro e sócio da Tendências Consultoria, Maílson da Nóbrega, a inflação deste ano pode ficar acima de 6%. A rigor, segundo ele, isso não é um problema e nem significa que o País não irá cumprir as metas acertadas com o Fundo Monetário Internacional (FMI). "Pelas nossas projeções, o índice da Fipe deve ficar entre 0,2% e 0,3% em setembro, e é praticamente impossível que bata 7%", avalia Maílson. Ele acrescenta que, se o Banco Central mantiver a atual postura e o fluxo cambial continuar favorável, não há porque pensar em não cumprimento das metas também para 2001. Copom: decisão acertada Para Maílson da Nóbrega, a decisão de manter os juros eliminou qualquer dúvida que ainda poderia haver de que o BC estaria ingressando num ambiente perigoso da influência política. "Ficou claro que o Banco Central continua decidindo com autonomia e competência", diz A previsão do economista é que a Selic caia para 16% até dezembro. "Cairia mais se a avaliação do risco de investir no Brasil diminuísse", afirma Maílson. Ele destaca ainda a crise na Argentina, que deve continuar influenciando toda a América Latina. "Mas, mantido o cenário atual com uma percepção de risco menor, não é impossível uma taxa de 15% em 2000", conclui. Juros devem cair menos O professor da Unicamp, Luíz Gonzaga Beluzzo segue a mesma linha de raciocínio. "A Selic deve ficar mais próxima de 16% do que dos 15% imaginados antes". Ele avalia que a decisão do Copom de manter os juros inalterados mostrou uma visão de cautela, de olho nas metas de inflação. Para Beluzzo, a partir de setembro, a inflação deve perder força. "Os repiques foram determinados por uma conjuntura desfavorável, aliando os problemas climáticos sobre os alimentos a e a alta das tarifas", explica. O professor alerta que como alguns produtos estão com uma margem de lucro muito estreita, poderiam buscar uma recuperação aproveitando a alta dos custos. " Isso daria mais um fôlego à inflação, mas aparentemente isso não está ocorrendo", diz. Mercado vai estar de olho na inflação Análise feita pelos economistas do Lloyds TSB estima que, a partir de setembro, os preços recuem a patamares inferiores aos de julho e agosto. Com base nisso e considerando as últimas taxas de inflação que "surpreenderam negativamente", segundo o relatório divulgado nesta semana, o Lloyds projeta um IPCA - Índice de Preços ao Consumidor Ampliado - de 6,4% este ano. Na semana que vem, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômica (Fipe), deve divulgar mais uma prévia da inflação de agosto. Na terceira quadrissemana do mês, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) registrou uma alta de 1,86% e foi o maior desde janeiro de 1996. A previsão da Fipe para agosto é que a inflação fique próxima de 1%.

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