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''Inflação vai cair mais devagar em emergentes''

Na Alemanha, Meirelles também sugere mudança na atuação do FMI

Por Fabio Graner
Atualização:

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem no Congresso Europeu de Bancos, em Frankfurt, Alemanha, que o processo de queda na inflação nos países emergentes será mais lento do que nos países desenvolvidos, onde esse movimento facilita a atuação anticíclica da política monetária. "Enquanto a desinflação possivelmente será rápida nas economias maduras, criando condições adequadas para ações de política monetária contracíclicas em diferentes países, nas economias emergentes a desinflação provavelmente será mais lenta", afirmou Meirelles. O pronunciamento está disponível na página do BC na internet (www.bcb.gov.br). Ele destacou que essa queda mais lenta da inflação nos países em desenvolvimento ocorrerá particularmente nos países em que as autoridades não atuaram preventivamente contra a escalada dos preços ou não mantêm atitude de vigilância. "Em todo caso, o sistema de metas é o modelo mais adequado para coordenar as expectativas de inflação, particularmente em um ambiente de mercado com crescente incerteza", argumentou, destacando que isso vale para economias emergentes e também para as maduras. Para Meirelles, cada país deve agir de acordo com suas necessidades e recursos contra a crise, considerando os diferentes tipos de impacto que ela está causando. "O importante é estabelecer uma diferenciação clara entre estímulos fiscais, administração da liquidez e política monetária. A diferença entre os dois últimos não é muito clara para alguns observadores, mas é fundamental." Em seu pronunciamento, o presidente do BC também sugeriu mudanças na forma de atuação do Fundo Monetário Internacional (FMI). Meirelles avaliou que um dos complicadores para o enfrentamento da atual crise é que o Fundo, por décadas, atuou para prevenir crises nos países emergentes. Agora, é mais importante que o FMI tenha o foco em todas as "economias relevantes" e trabalhe de fato como um sistema que antecipe possíveis problemas. Ele também defendeu a idéia de que o FMI e o Fórum de Estabilidade Financeira trabalhem juntos para propor um novo conjunto de regulações.

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