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Inflação acumula alta de 8,47% em 12 meses, maior índice desde 2003

Com pressão de alimentos e energia, IPCA volta a acelerar em maio; índice avançou 0,74% no mês passado e ficou acima das projeções

Por Idiana Tomazelli
Atualização:

RIO - Pressionada pelos alimentos e pela energia elétrica, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) voltou a acelerar em maio e registrou alta de 0,74%. Em abril, a taxa havia sido de 0,71%Com o resultado, o IPCA acumula altas de 5,34% no ano e de 8,47% em 12 meses - ambos os maiores índices desde 2003. As informações foram divulgadas nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

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O resultado de maio veio acima do intervalo das estimativas dos analistas ouvidos pelo AE Projeções, que esperavam uma taxa entre 0,50% e 0,68%, com mediana de 0,59%.

A principal pressão veio dos alimentos, que respondem por quase 25% do orçamento das famílias brasileiras. "Os alimentos subiram bastante em praticamente todas as regiões. Isso significa que as pessoas pagaram mais em suas compras em maio. Em alguns locais, os preços dos alimentos já subiram mais de 10% nos últimos 12 meses", afirma a coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos.

O tomate voltou a ser o vilão da inflação, acrescentou a coordenadora. O item tem um peso grande no orçamento e subiu 21,38% em maio. No ano, a alta do tomate chega a 80,42%.

"São itens muito sensíveis ao clima, os ciclos de produção são curtos, e as chuvas têm prejudicado. A umidade gera uma praga, e os produtores têm argumentado que os custos para combater essa praga é alto. Então, temos oferta menor com custo maior", disse Eulina. A cebola também pressionou o índice do mês passado. O item ficou 35,59% mais caro em maio, enquanto a alta no ano chega a 100,45%.

No caso das carnes, a alta de 2,32% no IPCA de maio é explicada pelas exportações e pela estiagem. "Como dólar sobe, mesmo que o consumo interno não esteja respondendo muito, as exportações são muito atrativas. Então, o preço da carne vem subindo. Os pecuaristas argumentam também que a seca prejudicou o pasto, então o gado está mais magrinho", explicou a coordenadora.

Outro item de peso na cesta básica das famílias, o pão francês ficou 1,60% mais caro no mês passado. Embora o valor individual seja baixo, Eulina lembrou que se trata de um produto comprado quase diariamente pelos brasileiros. "O pão francês vem sendo afetado pelo trigo, sob influência do dólar", disse.

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Energia mais cara. Embora os alimentos tenham sido a principal pressão, a energia elétrica também contribuiu para impulsionar o IPCA de maio, segundo Eulina. No mês passado, a energia elétrica ficou 2,77% mais cara, adicionando sozinha 0,11 ponto porcentual à alta de 0,74% do índice. Em função de reajustes anuais, tiveram aumentos na energia elétrica Recife (12,20%), Salvador (12,07%), Fortaleza (5,20%), Porto Alegre (3,94%), Belo Horizonte (3,76%) e Campo Grande (0,85%). Em outras regiões, porém, houve alta nas tarifas em função de alteração nos impostos.

"É o caso da região metropolitana de Vitória, onde as alíquotas do PIS/COFINS tiveram elevação de 529,25%", destacou o IBGE. A região liderou os reajustes em função de impostos, com alta de 10,38% no preço da energia.

Com a alta de maio, a energia elétrica já subiu 41,94% no ano. Nos últimos 12 meses, as contas já estão 58,47% mais caras. O item energia elétrica ainda ajudou a impulsionar o grupo Habitação, que subiu 1,22% em maio, segundo principal impacto no IPCA do mês (0,19 ponto porcentual). 

Reajuste dos remédios. O reajuste dos medicamentos autorizado pelo governo levou o item a ficar 1,64% mais caro no IPCA de maio. Com isso, o grupo Saúde e Cuidados Pessoais subiu 1,10% no mês passado. No ano, os remédios já ficaram 5,35% mais caro. 

"O aumento é reflexo da aplicação dos reajustes de 5,00%, 6,35% ou 7,70%, conforme o nível de concentração no mercado, em vigor desde o dia 31 de março", destacou o órgão.

Ainda no grupo de Saúde e Cuidados Pessoais, outros itens destacaram-se em maio, como artigos de higiene pessoal (1,07%), serviços laboratoriais e hospitalares (1,04%), plano de saúde (0,77%) e serviços médicos e dentários (0,75%).

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