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Informalidade e inatividade crescem

Dados de emprego comprovam que o mercado de trabalho ainda apresenta fraquezas

Por Tiago Cabral Barreira
Atualização:

A taxa de desemprego da PNAD Contínua apresentou a oitava alta seguida do ano. Os resultados, na contramão do esperado por analistas, comprovam que o mercado de trabalho ainda apresenta fraquezas e que a recuperação deve ficar para o ano que vem.

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Ao todo, foram destruídas 350 mil vagas de trabalho entre junho e agosto, um resultado pior em comparação ao mesmo intervalo de período em 2015, que foi de 57 mil. Contribuiu para essa queda a redução da População Ocupada (PO) de trabalhadores por conta própria, em forte declínio (perda de 403 mil na PO de junho a agosto). Também houve aceleração de demissões no emprego com carteira assinada ( -167 mil no mesmo período) e trabalho doméstico (-51 mil). Em contrapartida, observamos um crescimento acelerado no número de trabalhadores sem carteira assinada, comprovando uma piora na qualidade do mercado de trabalho.

Custos de contratação de mão de obra formal elevados, combinados com um cenário geral de atividade fraca, contribuem para a proliferação da informalidade no País.

Um outro fenômeno inédito está sendo observado nos últimos meses, que é o crescimento forte e contínuo da população inativa. A inatividade vinha até então apresentando uma tendência de queda desde o início de 2015. Com o agravamento da crise e do desemprego no ano passado, o crescimento da desocupação de chefes de família pressionava os demais membros (jovens, mulheres, idosos) à busca de emprego. Em contraste, o recente aumento da população inativa vem contribuindo para pressionar menos o aumento do número de desocupados, constituindo um alívio sobre o desemprego. Caso a força de trabalho mantivesse na mesma trajetória de alta dos trimestres anteriores, o desemprego teria alcançado 12,4% no trimestre encerrado em agosto.

O desemprego do mês de agosto surpreendeu pelos resultados negativos de emprego, apesar de serem ofuscados pelo crescimento da inatividade. Não será observada uma retomada do mercado de trabalho antes de meados de 2017.

*Pesquisador em Economia do Trabalho no Ibre/FGV

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