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Informalidade no comércio cai entre 2004 e 2007

Contratações temporárias caíram em todas as regiões, em razão da melhora na economia do País, aponta Dieese

Por Carolina Ruhman e da Agência Estado
Atualização:

Estudo do Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos (Dieese) revelou uma queda na proporção das contratações temporárias no comércio do ano de 2004 para 2007, em razão da melhora na economia. Entretanto, no quarto trimestre - período de expansão sazonal do emprego no setor - prevaleceram no período pesquisado as contratações temporárias sobre as com carteira assinada.   "Entre 2004 e 2007 o impacto do crescimento econômico no mercado de trabalho como um todo não foi apenas o da elevação da oferta de ocupações, mas, principalmente, o de ampliação da formalização da contratação", diz o estudo, divulgado nesta terça-feira, 16. "O comércio continuou contratando temporariamente, mas a proporção diminuiu", explicou o coordenador de relações sindicais do Dieese, José Silvestre Prado de Oliveira.   Em todas as regiões pesquisadas o levantamento mostrou queda na proporção de contratações temporárias e aumento das contratações com carteira assinada. Em 2004 e 2005, o aumento do nível de ocupação temporária era semelhante ao da contratação formal, mas nos dois anos seguintes a ampliação relativa do emprego com carteira superou as contratações temporárias, indicando maior formalização no comércio.   Entre 2004 e 2007, em Belo Horizonte, a expansão das chamadas contratações padrão (com carteira assinada) foi de 34,5%, contra a queda de 1,9% das contratações à margem da modalidade padrão (temporárias). O resultado foi semelhante no Distrito Federal (alta de 37,5% contra zero), Porto Alegre (aumento de 16,5% contra avanço de 5,4%), Recife (alta de 30% contra expansão de 3,6%), Salvador (aumento de 55,3% contra recuo de 7,7%) e São Paulo (alta de 31,4% contra oscilação positiva de 0,6%).   A dinâmica de contratação no comércio, explica o Dieese, está relacionada à massa de rendimentos e à disponibilidade de crédito. Estes elementos contribuem para impulsionar as vendas e, desta forma, estimulam as contratações. Entre 2004 e 2007 a massa de rendimentos cresceu cerca de 18% no conjunto das regiões. Isso teve um impacto no emprego no setor, que avançou 13,9% na mesma base de comparação.   O estudo comprova que o último trimestre do ano é um período de crescimento no emprego do comércio. Na comparação com o trimestre anterior, a ocupação cresceu, na média das regiões, 6,9% em 2004, 6% em 2006 e 4% em 2007. O coordenador de relações sindicais do Dieese, José Silvestre Prado de Oliveira, aponta duas explicações: a entrada do 13º salário na economia e o aumento das vendas para as festas de fim de ano. "O 13º entra agora e isso sempre estimula o comércio."   Contudo, na comparação do último trimestre do ano com o trimestre anterior mostra que as contratações informais são mais freqüentes do que as com carteira assinada. O estudo cita o ano de 2007 como exemplo: em Belo Horizonte, as contratações informais cresceram 13%, contra 2,1% de aumento das com carteira assinada. O mesmo desempenho foi verificado em Porto Alegre (alta de 14,7% contra queda de 9,8%), Recife (expansão de 11,5% contra aumento de 4%) e em São Paulo (alta de 4,6% ante ampliação de 1,2%). As exceções foram o Distrito Federal e Salvador, onde o aumento das contratações formais superou o das temporárias: foram altas de 12,5% contra 3,7% e de 13,5% contra 10,0%, respectivamente.   2008   O Dieese não incluiu o ano de 2008 no levantamento, por ter disponíveis apenas os dados de emprego e ocupação até outubro. O coordenador de relações sindicais da entidade avaliou que os últimos dados disponíveis não mostravam o impacto da crise sobre as contratações e que este reflexo só poderá ser mensurado no primeiro trimestre do ano que vem.   Ainda assim, acredita que o emprego no setor não deve ser afetado neste fim de ano. "2008 não deve ser afetado pela crise. Pelo menos até outubro não tem nenhum indício de que a crise vai afetar as vendas no comércio ou as contratações", avaliou. "A julgar pelo que aconteceu nos anos anteriores, eu imagino que 2008 deva ter um comportamento semelhante. A nossa avaliação é que se a crise tiver reflexos, eles serão pequenos."

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