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Ingleses irritados com decisão de Bush

Por Agencia Estado
Atualização:

"Os americanos deveriam resolver os seus problemas ao invés de jogá-los nas costas de outros países". Com essas palavras, a ministra para a Indústria e Comércio, Patricia Hewitt, demonstrou hoje o grau de irritação no governo britânico com a decisão tomada ontem pelo presidente norte-americano George W Bush de sobretaxar as importações de aço nos Estados Unidos. A reação britânica é relevante pois o país sempre se pauta pela cautela quando se trata de temas envolvendo o seu principal aliado internacional. Hewitt, numa entrevista hoje à BBC, disse que a Grã-Bretanha "ficou completamente desapontada" com a decisão de Bush e lembrou que ao longo das últimas semanas foram mantidos vários contatos entre os dois países para tratar do tema. O próprio primeiro-ministro Tony Blair, numa conversa telefônica com Bush na semana passada, alertou que a imposição de barreiras tarifárias prejudicaria não apenas outros países, mas também o próprio consumidor norte-americano. "O nosso setor de aço passou por um doloroso processo de reestruturação nos últimos anos e é necessário que o mesmo aconteça nos Estados Unidos, sem que as regras internacionais de comércio sejam violadas", disse a ministra. Segundo ela, o principal impacto do protecionismo norte-americano não acontecerá sobre exportações britânicas para os Estados Unidos, mas sim pelo desvio da produção de aço de outros países produtores para o mercado europeu. "Vamos ser inundados com o aço de outros países, principalmente da Ásia, com conseqüências graves pela nossa indústria." Salvaguardas Essa previsão da ministra se alinha com a que vem sendo feita por vários analistas do setor, que alertam que o mercado europeu será obrigado a adotar salvaguardas para conter "uma invasão do aço" que deixará de ser exportado para os Estados Unidos. Essa eventual "efeito dominó de protecionismo" poderá ter efeitos graves para a já combalida indústria mundial do aço, além de ameaçar o progresso das negociações da rodada multilateral de comércio da Organização Mundial do Comércio (OMC). Hewitt disse também que o governo britânico apóia todas das medidas que venham a ser adotadas pela União Européia para proteger o seu mercado. "Vamos adotar todas as salvaguardas legais, que seguem as regras da OMC, para defender as nossas empresas e trabalhadores." A ministra deve fazer um pronunciamento ainda hoje sobre o tema no parlamento britânico.

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