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Instabilidade internacional agita mercados

Ontem o pessimismo tomou conta dos mercados nos Estados Unidos. Como a situação no Brasil já era delicada por conta da crise política e das dificuldades na Argentina, os mercados aqui também foram contaminados.

Por Agencia Estado
Atualização:

Ontem as bolsas nos Estados Unidos sofreram fortes quedas. O Dow Jones - Índice que mede a variação das ações mais negociadas na Bolsa de Nova York - fechou em queda de 4,10%, a quinta maior de sua história. E a Nasdaq fechou em queda de 6,30%, atingindo o nível mais baixo desde 19 de novembro de 1998. A razão foi a divulgação de resultados de empresas abaixo do esperado, algo que se tornou comum demais para o gosto dos investidores. Hoje, às 10h30 (horário de Brasília), será divulgado o Índice de Vendas ao Varejo dos EUA, ao qual os mercados estarão especialmente sensíveis nesse momento de tensão. A agitação e o pessimismo de ontem propagaram-se pelos mercados no mundo todo, inclusive os brasileiros. O dólar voltou a subir, atingindo a cotação mais alta desde 4 de março de 1999: R$ 2,0600. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em queda de 3,68% e até os juros subiram. O fato é que a piora do cenário internacional diminui as perspectivas de corte na Selic, a taxa básica referencial da economia, e pressiona as cotações dos juros. Mesmo que esse tenha sido apenas um momento de pânico dos investidores norte-americanos - o que só as movimentações dos próximos dias permitirão avaliar -, vale lembrar que a tensão no Brasil já era grande. Primeiramente, por conta da crise política, a qual ainda está longe de uma solução, o que ameaça o andamento das reformas estruturais este ano, e 2002 é ano eleitoral. Ao menos, o governo iniciou o contra-ataque, pressionando o Congresso para acelerar as reformas e tentando pôr fim à troca de denúncias. Mas a Argentina também continua preocupando. A lua-de-mel do mercado com o novo ministro da Economia, Ricardo López Murphy, parece ter acabado, e as apreensões com a delicada situação do país voltaram à tona. A amarga solução proposta por Murphy, de cortes orçamentários entre US$ 1,2 e US$ 1,5 bilhão deve encontrar muitas resistências, até na base aliada do governo no Congresso. Vale lembrar que os argentinos enfrentam uma recessão há mais de 30 meses e os indicadores sociais não param de piorar. Hoje a expectativa é grande para o leilão de títulos públicos, as Letes. Leilão da banda E do SMP pode atenuar o pessimismo Internamente, o destaque do dia é o leilão de licitação da Banda E de telefonia celular para a região I (do Rio ao Amazonas) do Sistema Móvel Pessoal (SMP). Entre os concorrentes, destaca-se a Telecom Italia, que agiu agressivamente no leilão de licitação da banda D, arrematando as licenças para as demais regiões do Brasil. O preço mínimo exigido pelo governo é de R$ 940 milhões. Se a empresa italiana vencer o leilão, especialmente havendo ágio significativo, haverá entrada de dólares, mesmo que em proporções relativamente modestas para o mercado de câmbio. E os mercados brasileiros terão um estímulo externo, mesmo que a instabilidade internacional continue predominando nas análises dos investidores.

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