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Instabilidade no Brasil deixa investidores espanhóis nervosos

Por Agencia Estado
Atualização:

A instabilidade financeira no Brasil está deixando os investidores espanhóis nervosos, afirmou hoje o jornal britânico Financial Times. Empresas e bancos espanhóis investiram mais de 50 bilhões no Brasil ao longo dos últimos dez anos. Isso representa o dobro do investido na Argentina. Segundo o FT, a perspectiva de um governo de esquerda vencer as eleições de outubro "poderia alterar significativamente o ambiente de negócios no Brasil". Telefónica, Iberdorla e o banco Santander Central Hispano (BSCH) destinaram investimentos pesados para o Brasil e quando a crise argentina não contagiou o país no ano passado, os investidores ficaram aliviados. "Agora eles estão menos calmos", disse o jornal. Os grupos espanhóis já sofreram com a desvalorização de 22% do real contra o dólar neste ano e também com o fortalecimento do euro diante da moeda norte-americana. O declínio do real tem atingido os lucros, como os da operadora Telefónica e do BSCH, "mas as preocupações vão mais fundo". Segundo o jornal, o líder das pesquisas, Lula, é "ambivalente sobre a independência do Banco Central e está prometendo cortes nos impostos e grandes aumentos nos gastos públicos". "As promessas eleitorais fizeram surgir o espectro de um uma possível moratória na dívida de US$ 100 bilhões do governo", disse o jornal. Um fator particular de preocupação para os investidores é a dívida pública brasileira em mãos das unidades brasileiras do BSCH, que soma cerca de 7 bilhões. Segundo Jose Luiz Mora, analista do Merrilll Lynch, a dívida pública representa entre 40% e 50% dos ativos do banco espanhol no Brasil, uma proporção alta no contexto da queda dos preços dos papéis do país. Mora descarta uma moratória da dívida brasileira. "O Brasil não é a Argentina", disse ele. Entretanto, o analista acredita que o BSCH irá rebaixar a sua exposição à dívida pública brasileira nos próximos meses. "Ocorrerão perdas nas transações", afirmou Mora. Já a Iberdorla afirmou que mantém inalterado o seu programa de investimentos de 1,1 bilhão para o Brasil, país que abriga cerca de 7% dos seus ativos.

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