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Intel quer atrair minorias para o setor de tecnologia

Empresa anunciou investimento de US$ 300 mi nos próximos três anos para reduzir predominância de homens brancos na empresa

Por NICK WINGFIELD
Atualização:

Ao longo dos últimos 12 meses, Apple, Google e outras das maiores empresas de tecnologia passaram a ser cada vez mais criticadas pelos líderes das organizações de defesa dos direitos civis por causa da falta de diversidade em sua força de trabalho, composta principalmente por homens de origem branca ou asiática. A gigante dos microchips Intel decidiu adotar medidas concretas para mudar a situação.

Intel Foto: Rick Wilking/Reuters

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Na terça-feira, a companhia anunciou que, nos próximos cinco anos, a força de trabalho da empresa passará a refletir melhor o conjunto de talentos disponíveis entre mulheres e outros grupos minoritários ou pouco representados nos EUA. Se tiver sucesso, o plano aumentará a população de mulheres, negros, hispânicos e outros grupos na Intel em pelo menos 14%, disse a empresa.

Além disso, a Intel disse ter criado um fundo de US$ 300 milhões a ser usado nos próximos três anos para melhorar a diversidade na força de trabalho da empresa, atraindo mais mulheres e minorias para o setor da tecnologia e tornando a indústria mais receptiva a eles quando forem contratados.

O dinheiro será usado para financiar bolsas de estudo em engenharia e para apoiar universidades de público majoritariamente negro. "Esse é o momento certo para fazer uma afirmação ousada", disse Brian M. Krzanich, diretor executivo da Intel. Ele anunciou os planos da Intel na Consumer Electronics Show (CES), a grande feira anual de eletrônicos realizada em Las Vegas. "Isso faz parte da cultura da Intel, num certo sentido. Seguimos a Lei de Moore. Dizemos que vamos reinventar o Vale do Silício a cada dois anos, mesmo sem saber exatamente como."

A empresa anunciou também que investirá em esforços para trazer mais mulheres para o ramo dos jogos eletrônicos, em parte como antídoto contra as críticas dirigidas às feministas e aos desenvolvedores de jogos nos meses mais recentes, após um suposto relacionamento entre uma desenvolvedora de games e um jornalista da área ter dado início a uma série de discussões sobre o mercado de jogos eletrônicos, em uma escândalo que ficou conhecido na internet como "Gamergate".

A Intel entrou para a polêmica quando, pressionada, cancelou uma campanha de publicidade veiculada num site de jogos que tinha publicado uma crítica contra a predominância de homens no mercado de games, decisão da qual a empresa disse ter se arrependido.

Disparidade.

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Muitas das maiores empresas de tecnologia divulgaram dados recentes mostrando que cerca de 70% de seus funcionários são homens e 30% mulheres. Dependendo da empresa, os negros correspondem a uma proporção de 2% a 7% dos funcionários.

As estatísticas de emprego da Intel são bastante semelhantes às apresentadas por suas concorrentes. No entanto, a empresa publica estatísticas de gênero e raça entre seus funcionários há mais de uma década.

Os números mais recentes mostram que 76% de seus funcionários americanos são homens, 4% são negros e 8% são hispânicos.

O pastor Jesse L. Jackson, que liderou uma campanha para pressionar as empresas de tecnologia a cuidar da diversidade no ambiente de trabalho, disse que a Intel está indo além do que outros fizeram para corrigir o desequilíbrio em seu quadro de funcionários ao definir metas mais específicas para as contratações. "Os esforços da Intel vão muito além do que já vimos", declarou.

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Mas as metas da Intel enfrentam a dura realidade descrita por muitos líderes da indústria da tecnologia: é limitada a oferta de trabalhadores dotados das habilidades necessárias em ramos técnicos como a engenharia vindos dos grupos sub-representados.

Ainda assim, a Intel diz que pode fazer mais para recrutar funcionários entre esses grupos. A empresa calcula, por exemplo, que, se a população negra dotada das habilidades técnicas apropriadas fosse proporcionalmente representada na Intel, seu número de funcionários negros aumentaria em cerca de 48%.

Vivek Wadhwa, bolsista da Universidade Stanford e autor de um livro recente a respeito das mulheres na indústria da tecnologia, elogiou a Intel por ter anunciado suas metas de diversidade. "Outras empresas vão se sentir pressionadas a fazer o mesmo", disse.

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Como parte do seu novo fundo de investimento, a Intel planeja criar e sustentar uma equipe feminina de gamers profissionais. A empresa estabeleceu uma parceria com a Associação Internacional dos Desenvolvedores de Jogos, entidade sem fins lucrativos que vai enviar 20 universitárias a uma conferência de desenvolvedores de jogos com o apoio da Intel.

No decorrer dos próximos dez anos, a associação pretende dobrar o número de mulheres trabalhando na indústria dos games, de acordo com Kate Edwards, sua diretora executiva.

"Espero que a liderança da Intel nessa questão incentive outras empresas a seguir seu exemplo, percebendo que a hora é agora", disse Kate.

/ TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

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