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Intenção de compra no Natal despenca 36% e lembrancinhas ganham espaço

Consumidores estão tentando quitar as dívidas e vão gastar menos com presentes, o que fez o indicador da FGV atingir o menor patamar desde 2007

Por Idiana Tomazelli
Atualização:

RIO - A comemoração de Natal entre os brasileiros deve ser bem mais tímida este ano. A intenção de compra dos consumidores despencou 36,1% em 2015 em relação a 2014, segundo quesito especial apurado pela Fundação Getulio Vargas (FGV). O indicador atingiu 44,1 pontos, o menor patamar de toda a série, iniciada em 2007.

Ao todo, 61,5% das famílias pretendem gastar menos com os presentes este ano, e apenas 5,6% devem ampliar o orçamento natalino, segundo os dados obtidos com exclusividade pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. A despesa média também encolheu, e as lembrancinhas, mais baratas, ganharam destaque na preferência dos consumidores.

Quase 10% dos consumidores, o triplo do verificado em 2014, vão comprarlembrancinhas Foto: Hélvio Romero/AE

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"As pessoas estão tentando quitar as dívidas e gastar menos com presentes", avalia a economista Viviane Seda, coordenadora da Sondagem do Consumidor. "Ao longo de 2015, houve piora da confiança do consumidor. Há dificuldade para obter emprego, a inflação mais alta acaba corroendo o poder de compra, e ao mesmo tempo houve piora das condições de crédito. Os consumidores se sentem mais comprometidos financeiramente."

Segundo a economista, muitos brasileiros já têm recorrido a suas reservas para pagar despesas correntes. "Não há espaço para compras de Natal como em anos anteriores", diz Viviane. Em 2014, apesar de um cenário já não tão favorável, 43% dos consumidores pretendiam gastar menos, enquanto 12,0% planejavam aumentar as despesas com presentes.

Diante do orçamento apertado nos lares brasileiros, a FGV avalia que o comércio deve ter o pior dezembro desde pelo menos 2002, quando houve queda de 5,1% nas vendas dos segmentos natalinos (alimentos, vestuário, móveis, eletrodomésticos e perfumaria) em relação a igual mês do ano anterior.

Despesa menor. Com tanta gente apertando o cinto nos gastos, o preço médio dos presentes também encolheu em 2015. O valor caiu de R$ 101,11 para R$ 90,68, já descontada a inflação. É o menor valor já registrado na série.

Neste contexto, as lembrancinhas ganharam espaço na lista de presentes, opção de 9,1% dos consumidores (o triplo do verificado em 2014). Mesmo os itens mais populares nesta época, como roupas e brinquedos, deixaram de ser uma alternativa acessível às famílias. Produtos mais caros como eletroeletrônicos também devem ter menor procura.

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"Até as roupas, que geralmente têm variação grande de preços, entre mais caras e mais baratas, perderam espaço. As pessoas estão procurando coisas ainda mais baratas", afirma Viviane.

Por classes de renda, todas devem enxugar as encomendas ao Papai Noel. Mas o nível de gastos da baixa renda, com ganhos até R$ 2,1 mil mensais, é o menor de todos. A intenção de compras no Natal atingiu 39,2 pontos. "As classes mais altas ainda têm algum espaço, mas a baixa renda não, pelo contrário. Ela já começa a se endividar", explica a economista.

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