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Intenção de compras para o Dia das Crianças é a menor em 7 anos

Indicador caiu 7,3% para 91,2 pontos, o pior nível desde 2007; consumidor está trocando os brinquedos por roupas

Por Idiana Tomazelli e RIO
Atualização:

O Dia das Crianças deve ser mais magro este ano. A intenção de compras das famílias brasileiras caiu ao menor nível em sete anos, de acordo com um quesito especial apurado na Sondagem do Consumidor da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Apenas 7,1% dos consumidores devem ampliar os gastos com presentes para os pequenos (ante 9,4% no ano passado), enquanto 15,9% devem reduzir a lista (ante 11%).O indicador que mede a intenção de compras caiu 7,3%, para 91,2 pontos em 2014, o menor patamar desde 2007, quando a pergunta passou a ser feita nas sondagens de setembro. "As famílias realmente estão com um nível muito baixo de intenção de compra", disse a economista Viviane Seda, responsável pelo levantamento. Segundo ela, os brasileiros estão mais endividados e preocupados com a desaceleração no mercado de trabalho e a alta da inflação.Consumidores de todas as faixas de renda se mostraram mais cautelosos, mas o aperto mais intenso deve ocorrer entre as famílias mais humildes. Entre os domicílios com renda média mensal de até R$ 2,1 mil, a queda na intenção de compra foi de 11,6%, para 84,7 pontos."As faixas de renda mais baixas têm menor poder aquisitivo e sofrem mais com a situação", explicou Viviane. "As famílias de renda mais alta, apesar de também terem incertezas, têm mais margem para decidir o consumo." Também houve queda de 4,5% no preço médio do presente em relação a 2013. De novo, o corte foi mais intenso nas famílias cuja renda mensal é menor. "Para poder consumir, elas procuram itens com preços mais baixos. Mas essa classe de renda deve consumir pouco este ano", disse a economista.Menos brinquedos. Para encaixar a data festiva no orçamento, os consumidores também devem mudar a opção de presentes. Os brinquedos em geral, que correspondiam à decisão de 65,7% das famílias em 2013, passaram a ser de 50,5%. "Esses itens não estão tendo uma inflação muito elevada, mas existem brinquedos com preços muito altos, o que exige planejamento", comentou o economista André Braz, um dos responsáveis pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da FGV.Na contramão, os itens de vestuário ganharam preferência, passando de 15,5% para 24,5% neste ano. Em 12 meses até setembro, as roupas infantis acumularam alta de 4,24%, de acordo com dados do IPC. A taxa é menor do que a inflação média (6,97%) no período e do que a alta de preços de uma cesta de itens ligados ao Dia das Crianças, calculada em 8,48% pela instituição. A taxa é mais elevada porque a lista inclui serviços como restaurantes, show musical e teatro.Há duas semanas, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo divulgou previsão de crescimento de 3,1% nas vendas relacionadas ao Dia das Crianças em 2014 em relação ao ano passado. Se confirmado, será o pior desempenho na data desde 2004.Varejistas. A Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos, porém, não está tão pessimista, e calcula faturamento de R$ 3,5 bilhões na semana que antecedeu o dia 12. Esse número representa variação de cerca de 13% em relação a 2013 e quase 40% da receita bruta das empresas até dezembro.A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) trabalha com números mais modestos, mas ainda acima da média de outros setores. "Estamos aguardando um crescimento de 4%, igual ao do ano passado", diz Marcel Solimeo, economista da entidade. Para ele, o fator emocional de datas comemorativas e o investimento em publicidade fazem com que as vendas perto do Dia das Crianças contrastem com o desempenho de outras áreas. Na ponta final da cadeia de distribuição, a Armarinhos Fernando, que tem 16 lojas espalhadas pela Grande São Paulo, espera avanço de 10% nas vendas. "Esperamos um aumento de 10%, mas desde o começo do mês até hoje já quase batemos essa meta, e o Dia das Crianças ainda nem chegou", diz o gerente Ondamar Ferreira. /COLABOROU ESTEVÃO TAIAR, ESPECIAL PRA O ESTADO

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