
19 de setembro de 2014 | 02h05
Na análise da instituição, o recuo dos preços de alimentos e bebidas nos últimos três meses ajudou na recuperação da confiança. "A inflação dos alimentos teve algum alívio, mas ainda continua muito alta. Não vejo até o fim do ano um fator que vá motivar esse consumidor a comprar mais", diz Juliana Serapio, assessora econômica da CNC.
Embora a Intenção de Consumo das Famílias esteja em um nível considerado favorável, a confederação pondera que a percepção das famílias ainda não está totalmente recuperada. O elevado custo do crédito e o alto nível de endividamento são os fatores que vêm pesando mais no desaquecimento da intenção de compras a prazo.
A economista destaca que, apesar da manutenção da taxa Selic, em 11% ao ano desde abril, os juros para a pessoa física continuam em alta. Segundo o BC, a taxa média de juros de operações de crédito para a pessoa física vem subindo desde junho do ano passado (34,8%). Em julho de 2014, chegou a 43% ao ano.
O reflexo desse quadro é que o componente de Acesso ao Crédito medido na pesquisa de ICF vem atingindo sua mínima a cada mês. Em setembro registrou queda de 0,6% na variação mensal, a menor da série histórica, e queda de 5,1% ante o mesmo período do ano passado.
Para Juliana, a piora do Indicador Coincidente de Desemprego (ICD) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que capta a percepção do consumidor sobre a situação do mercado de trabalho, mostra que a perspectiva para criação de vagas não é positiva. Isso reforça a ideia de que a melhora da intenção de consumo é mais um efeito estatístico do que uma tendência firme.
A CNC reduziu sua previsão para o crescimento das vendas do varejo de 4% para 3,7% com base na última divulgação da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) pelo IBGE.
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