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Intenção de investimento é a maior em 7 anos

Indústria brasileira pretende ampliar a capacidade em 18%, até o fim de 2006

Por Agencia Estado
Atualização:

A indústria brasileira planeja ampliar em 18% a sua capacidade média de produção até o fim de 2006, quando termina o mandato do atual governo. Esse é o melhor índice de intenção de investimentos produtivos nos últimos sete anos, segundo uma pesquisa exclusiva da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que consultou 1.255 empresas do setor no início deste ano. "Isso significa que a indústria deverá expandir a capacidade instalada em 5,5% ao ano, uma taxa razoável de crescimento", diz o coordenador do núcleo de banco de dados especiais da FGV, Aloísio Campelo Júnior. Segundo o economista, essas projeções de investimento diminuem o risco de gargalos na capacidade da indústria de atender às exportações e também ao mercado interno, caso a economia brasileira volte a crescer rapidamente, como prevê o governo. Alguns setores estão perto do limite da capacidade - papel, celulose e papelão e metalurgia. Bens de capital Um ponto de destaque é que a intenção de investimentos é maior no setor de bens de capital, um dos pilares do crescimento da produção. Conforme o levantamento, os planejamentos trienais das empresas prevêem aumento médio de 19% na produção nesse segmento, superando o índice geral. No setor de bens intermediários, onde o risco de gargalo na produção é maior, a taxa de expansão prevista é de 18%. Parte desses planos começa a se tornar realidade. Um levantamento do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior revela que, no primeiro bimestre, os anúncios de investimentos somaram R$ 24,6 bilhões - uma cifra 85% maior do que a registrada no mesmo período do ano passado. É uma taxa de crescimento expressiva, mas a base de comparação é considerada fraca, uma vez que o início de 2003 foi marcado pela posse do governo, o que provocou uma parada técnica nos planos de muitas empresas diante da expectativa de novas medidas econômicas. Os setores que concentram os maiores valores de investimento anunciados são eletroeletrônico, siderurgia, petroquímica e transportes. O prazo de maturação desses projetos varia de seis meses a quatro anos. Investimento importante Um investimento importante de ampliação de capacidade está para ser anunciado. De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), João Carlos Basilio, uma multinacional do setor de higiene pessoal decidiu transferir a produção de sua matriz para o Brasil, que passará a ser sua plataforma de exportação. Basilio não revela o nome da empresa, mas dá indicações de que a transferência está sendo negociada com o governo. O investimento seria de US$ 11 milhões. Se a operação for viabilizada, deve resultar na criação de pelo menos 900 empregos diretos no Estado de São Paulo, para onde a companhia pretende trazer do exterior um complexo industrial. Com a fábrica, a empresa acrescentaria US$ 50 milhões às exportações brasileiras do setor, que chegaram a US$ 224 milhões no ano passado. "A intenção é de que parte da produção já comece a rodar ainda este ano", diz Basilio. Outro aspecto positivo apontado por ele é que esse projeto de investimento não vai ampliar as importações do País, porque os fornecedores de matérias-primas deverão ser todos locais. Bens de consumo A enquete da FGV indica que, no setor de bens de consumo, os planos são de ampliar a produção em 18%, em média. No segmento de material elétrico e de comunicação, esse número chega a 27%. A Semp Toshiba, líder de vendas de televisores no País, planeja investir US$ 6 milhões para ingressar na chamada linha branca, produzindo condicionadores de ar. Eles podem chegar ao mercado ainda este ano. As indústrias de produtos alimentícios têm planos de ampliar a produção em 25% ao longo dos próximos três anos, segundo a pesquisa da FGV. No setor de vestuário, calçados e tecidos, a capacidade produtiva deverá aumentar 21%. Já nos laboratórios farmacêuticos e de produtos veterinários, a expansão deverá ser de 18%. No setor de bens intermediários, o crescimento pode chegar a 20% em metalurgia. No segmento celulose, papel e papelão, espera-se 17%. Um dos maiores fabricantes de embalagens de papelão ondulado do País, a Orsa tem planos de aplicar R$ 120 milhões em melhorias tecnológicas neste ano, principalmente na área de papel de embalagem para exportação. Nessa área, as exportações representam hoje 10% de um faturamento da ordem de R$ 600 milhões. Os planos são de ampliar esse número para 15% em 2005, informa o presidente da companhia, Sérgio Amoroso. Responsável pelo escoamento de 65% do Produto Interno Bruto do País, o setor de transporte rodoviário de carga planeja ampliar a frota de caminhões e carretas. Uma sondagem feita pelo Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região com as 50 maiores companhias, mostra que 83% pretendem investir este ano. A Rápido 900, especializada no transporte de produtos químicos embalados, vai investir este ano R$ 18 milhões. Desse total, R$ 15 milhões serão aplicados na renovação e ampliação da frota e R$ 3 milhões na modernização de armazéns. Com uma frota de 390 veículos, ela transportou 707 mil toneladas em 2003. O diretor comercial, José Carlos Santos Ferreira, informa que até meados do ano a transportadora deve receber 80 novas carretas.

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