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Internet abre portas para a exportação

Com sites e funcionários bilíngues, empresas conquistam clientes lá fora

Por Marianna Aragão
Atualização:

Fabricante de equipamentos de segurança e detectores em Garopaba (SC), a pequena Mineoro tem uma carteira de clientes no exterior digna de muita multinacional. Com apenas 15% do faturamento atrelado às exportações, a companhia vende para 85 países, nos cinco continentes. Uma estratégia aparentemente simples - a criação de um site com informações em oito idiomas, do inglês ao grego - permitiu o resultado. "A internet levou nossa mensagem para o mundo", diz o sócio-fundador Paulo Damásio. Além do site, a empresa contratou profissionais fluentes em idiomas como turco e árabe para ajudar no atendimento e no pós-venda. Eles formam o enxuto departamento internacional da companhia e estimam que, neste ano, um quarto do faturamento virá das vendas externas. O carro-chefe das exportações, um detector para empresas de mineração, tem tecnologia patenteada e já era vendido no mercado doméstico há anos. "Depois do site, descobri que tínhamos clientes para o produto em países que nem sabia que existiam no mapa." Casos como o da empresa catarinense, que se aventurou de forma solitária no mercado internacional, são raros. As micro e pequenas empresas responderam por apenas 1,3% do total exportado por companhias nacionais, segundo dados de 2007 do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. E boa parte das que chegam lá fora ainda utilizam os caminhos tradicionais, como participação em missões comerciais e feiras de negócios - geralmente apoiadas por governos ou entidades setoriais. "É muito difícil para as pequenas buscarem mercado pela própria força. Elas não têm dinheiro para pagar pesquisas e viagens", diz o consultor de comércio exterior do Sebrae-SP, Jaime Akila Kochi. Segundo ele, porém, a rede mundial de computadores "desmistificou" a exportação para muitos empresários. Um dos motivos, segundo ele, é a disponibilidade de sites que ensinam o passo-a-passo para o mercado externo. Outro é a utilização das páginas corporativas para captar clientes e apresentar os produtos. O carioca Miguel de Lima, fundador da empresa Consuldent, que vende consultórios dentários portáteis, também apareceu para o mundo com a criação do site, há seis anos. "Não fazia ideia de como começar (a exportar)", diz Lima, que contratou então uma empresa de marketing para ajudá-lo. Os profissionais montaram a página e a incluíram em mecanismos de busca, como o Google. Logo os interessados começaram a aparecer. As maletas que viram consultório despertaram interesse de governos de países africanos, como Benin, que encomendou o produto para suas Forças Armadas. Hoje, a exportação via Correios, para mais de 20 países, responde por 30% do faturamento. Segundo Lima, a empresa dobrou de tamanho depois que começou a vender a esses mercados.

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