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Internet e telefonia limitam disseminação de tecnologia no agronegócio

Especialista afirma que muitas ferramentas não estão disponíveis no País por causa da falta de infraestrutura no interior

Por Clarice Couto
Atualização:

A cobertura de telefonia móvel e internet no País limita a disseminação tecnologias digitais no agronegócio brasileiro. “Parece meio óbvio, mas a prioridade hoje é a comunicação no campo. Algumas regiões já são bem conectadas, mas isso não é realidade no Brasil”, diz o pesquisador de Agricultura de Precisão e Automação Agropecuária da Embrapa Instrumentação, Ricardo Inamasu. Para ele, muitas tecnologias existentes no mercado global não estão disponíveis aqui pela falta de telefonia ou internet no interior do País.

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Apenas 560 municípios brasileiros (10% do total 5.570) contam com rede 4G hoje, segundo a Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil). Já as redes 3G estão mais difundidas e instaladas em 4.804 municípios, atendendo 97% da população – o que não garante que toda a extensão de um município seja coberta pela rede.

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), Rui Carlos Ottoni Prado, conta que os campos dos EUA já têm grande cobertura de estações meteorológicas conectadas, algumas do próprio governo norte-americano, o que não se observa no Brasil. “Aqui nós não temos isso. Na minha fazenda em Campo Novo do Parecis (MT) não tem sinal (de celular ou internet). Se tivesse, eu poderia instalar micro estações meteorológicas na propriedade.”

Potencial. Com a expansão da conectividade, avalia Inamasu, algumas tecnologias de vanguarda poderiam se desenvolver e ser difundidas mais rapidamente no mercado brasileiro. Sistemas para a distribuição de água sobre as lavouras de forma mais precisa, segundo o clima, as características e topografia do solo, também têm potencial para ganhar espaço em um cenário de maior conectividade.

“A engenharia convencional ainda busca aplicar uma lâmina d’água o mais uniforme possível, mas algumas áreas do solo precisam de menos de água que outras”, diz Inamasu. Fora do Brasil, conta o pesquisador, já há sistemas de pivô central que distribuem a água de acordo com as características de cada área da lavoura. 

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