PUBLICIDADE

Intervenção no câmbio custou US$ 335 milhões ao BC

Por Agencia Estado
Atualização:

O pânico que tomou conta do mercado financeiro obrigou o Banco Central a gastar, em duas intervenções realizadas somente na semana passada, US$ 335 milhões para tentar conter a escalada do dólar. Ainda assim, a moeda estrangeira encerrou a sexta-feira cotada a R$ 2,79. No dia 14, o BC já havia vendido outros US$ 10 milhões para controlar o nervosismo do mercado. Essas três intervenções realizadas no mercado de câmbio consumiram todo o ganho extra de US$ 285 milhões que o governo brasileiro obteve ao negociar uma regra diferenciada com o FMI, para contabilizar as operações de recompra de títulos da dívida externa que deverão ser realizadas este ano. Na última revisão do acordo com o Fundo, ficou acertado que o BC poderá recomprar até US$ 3 bilhões em títulos da dívida externa este ano. Com isso, espera-se abrir espaço para rolagem de compromissos do setor privado, que estão vencendo no período. Os papéis recomprados sairão das carteiras dos investidores no exterior e serão incluídos nas reservas internacionais do País. No entanto, uma parte desses papéis não poderá ser contabilizada na hora de apurar o piso de reservas internacionais estabelecido no acordo com o FMI, e chamado de reservas líquidas. Mas, ainda assim, no final das contas a nova regra aumentou em US$ 285 milhões a capacidade de intervenção do BC no mercado de câmbio, já que dos US$ 3 bilhões que deverão ser desembolsados na operação, apenas US$ 2,715 bilhões deverão ser abatidos para calcular o nível de reservas líquidas. Isso, além do empréstimo de US$ 10 bilhões liberado pelo Fundo. As projeções do BC divulgadas hoje pelo chefe do Departamento Econômico, Altamir Lopes, são de encerrar o ano com um nível de reservas líquidas de US$ 27,003 bilhões. Desse valor já foram deduzidos o empréstimo do FMI e todos os pagamentos previstos para o ano. Com isso, considerando que o piso mínimo de reservas fixado para o Brasil é de US$ 15 bilhões, sobrariam cerca US$ 12 bilhões para intervenções diretas no mercado de câmbio e recompra de dívida nos próximos seis meses. Especulação As atuações do BC com venda direta de dólar são consideradas o instrumento mais eficaz do governo para reverter a persistente alta na cotação da moeda americana. Segundo os especialistas de mercado, a deterioração nas expectativas com relação ao País leva bancos e investidores a comprar dólares para se protegerem de um cenário ainda mais crítico. No entanto, os números divulgados hoje pelo BC mostram que a especulação vem ocorrendo muito mais nos chamados mercados futuros do que no mercado a vista. Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, em junho, até a última segunda-feira, os bancos que operaram no Brasil aumentaram as vendas de dólares, que já estavam acumuladas em US$ 1,375 bilhão, em maio, para US$ 1,486 bilhão. Com isso, eles irrigaram o mercado, em vez de pressioná-lo. "Esse números são apenas do mercado à vista", se limitou a comentar Lopes. Se as instituições não estão comprando e encarteirando a moeda estrangeira, a pressão maior na cotação vem dos mercados futuros. Nos primeiros dias de junho, a saída de recursos do País também apresenta um valor relativamente baixo diante da histeria vivida no mercado doméstico. Segundo o BC, até o dia 24, essas saídas somaram US$ 474 milhões. "Esse é um número considerado relativamente baixo diante das turbulências vividas", avalia Lopes.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.