16 de fevereiro de 2018 | 12h11
A decisão do presidente Michel Temer de decretar intervenção federal no Estado do Rio de Janeiro é a porta de saída que faltava para o enterro da reforma da Previdência.
Enquanto a intervenção vigorar, não pode haver alteração na Constituição. Ou seja, nenhuma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) poderá ser aprovada pelo Congresso.
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Integrantes do governo admitem que é zero a chance de prosperar a ideia ventilada ontem à noite de suspender os efeitos da intervenção apenas por um dia para a votação das mudanças nas regras das aposentarias.
O assunto vai dominar o calendário do Congresso nos próximos dias. E depois... Bem, depois tem as eleições.
Com esse caminho traçado, a reforma deve ir mesmo para a gaveta. O próprio presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já admitiu que o cronograma de votação da reforma está inviabilizado, inclusive porque o Congresso estará mobilizado para votar o decreto de intervenção.
Sem votos para aprovar a reforma, o governo buscava um caminho para anunciar a retirada da proposta da pauta diante da resistência dos aliados. Agora, se agarra à agenda de combate à insegurança pública para tocar até as eleições.
Uma aposta de alto risco. Afinal, a crise de segurança não é um problema restrito ao Rio.
Para o governo fluminense, a intervenção pode significar, na prática, recursos federais para enfrentar a crise de segurança no Estado. Um estágio de violência assustador, que foi escancarado de forma crua e assustadora nas ruas do Rio durante o Carnaval e no desfile das escolas de samba deste ano.
Dinheiro novo era o que o governo fluminense também buscava há exatamente um ano, quando a proposta de intervenção foi discutida e depois descartada pelo Palácio do Planalto.
Na época, o Rio resistia à dureza do plano de recuperação fiscal imposto pelo governo federal. Ele só foi assinado muitos meses depois, em setembro, quando a crise das finanças já tinha contaminado de vez o Estado e instalado o caos.
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