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Investidor ainda teme variação na cota de fundo

Segundo a Anbid, os investidores continuam sacando dinheiro dos fundos de investimentos. Em parte, isso se deve à possibilidade de rendimento negativo dos fundos DI e prefixados. Investidor deve estar consciente do risco ao aplicar nesses fundos.

Por Agencia Estado
Atualização:

Segundo a Associação Nacional de Bancos de Investimento (Anbid), os saques dos fundos de investimentos continuam firmes, inclusive nos fundos DI e renda fixa. Só na última segunda-feira saíram R$ 949 milhões dos fundos em geral, dos quais R$ 203 milhões só dos DI. Muitos analistas previam que as saídas de recursos dos fundos referenciados nesses títulos com correção por juros não deveriam crescer na medida em que passasse o susto entre os investidores da regra de marcação a mercado e da possibilidade de rentabilidade negativa. A diretora técnica do Instituto Brasileiro de Certificação de Planejadores Financeiros (IBCPF), Márcia Dessen, acredita o investidor deve se acostumar com a idéia da oscilação, que não tende a ser grande, e aplicar conhecendo o risco das demais aplicações também. Apesar de provocar uma reação negativa por parte dos investidores, já que esta é uma realidade nova, a marcação a mercado não é prejudicial aos cotistas. "Ao contrário. Com a nova regra, os lucros e perdas dos fundos serão distribuídos a quem de direito", afirma ela. "Esta regra se faz especialmente importante neste momento, dado que o volume de saques está acima do que a indústria de fundos vinha apresentando nos primeiros meses do ano. Assim, o investidor que optar por deixar seus recursos na carteira não vai assumir o prejuízo de outros cotistas que realizaram saques anteriormente", explica Márcia Dessen. Ela explica ainda que a adaptação inicial trouxe perdas em alguns fundos, mas que essa situação tende a se reverter. "Os fundos estão se adaptando, recuperando as perdas, e muitos até estão se baseando em papéis de curto prazo, para reduzir o risco, mas quem tirou dinheiro teve de amargar prejuízo", afirma a diretora do IBCPF. A exceção são os fundos que tiveram problemas por carregar papéis de instituições em dificuldades, ou seja, em algum grau de insolvência. Mas isso não tem nada a ver com a marcação a mercado, mas sim com a má composição da carteira. Márcia Dessen aconselha o investidor a fazer uma pesquisa de mercado, comparando a rentabilidade do seu investimento com outros disponíveis, conhecer os custos e riscos de cada aplicação e pechinchar. "O investidor deve se informar e pedir vantagens, como a isenção da CPMF, comportar-se como quando está comprando uma mercadoria, e não aceitar qualquer negócio, afinal é o seu dinheiro", lembra. Outras aplicações Optar por um Certificado de Depósito Bancário (CDB) para fugir dessa oscilação não é uma atitude recomendada, pois esses papéis também apresentam risco de oscilação. Se o investidor precisar do dinheiro antes da taxa do vencimento, terá que vendê-lo ao banco, dentro do preço negociado no mercado no dia da operação. Além disso, mesmo se sacar no dia do vencimento, se os juros prefixados definidos no CDB estiverem abaixo das taxas de mercado, a rentabilidade do CDB será menor que a dos fundos. Uma das únicas opções sem risco de oscilação é a poupança. Só que o preço pela segurança é um rendimento muito baixo, que, em alguns meses, chega a perder para a inflação. Como funciona a marcação a mercado Com a atualização das cotas pelo valor de face mais os juros, a regra antiga, o principal problema é que a entrada e saída de recursos não era contabilizada pelo preço real dos papéis que compõem a carteira de um fundo. O rendimento dos títulos que compõem os fundos DI incorporam a oscilação da Selic, a taxa básica de juros da economia. E, como estes papéis são negociados com um desconto que oscila de acordo com as condições do mercado - tanto na hora da compra quanto na hora da venda do papel - a cota do fundo pode ficar menor. Um exemplo: um fundo com apenas dois investidores (A e B), sendo que cada um possui cinco cotas, de R$ 1 mil cada uma. Considerando o momento da aplicação, o patrimônio do fundo é de R$ 10 mil. Supondo que alguns dias após a aplicação, o patrimônio do fundo continue em R$ 10 mil, segundo a marcação das cotas pelo valor de face. Isso significa que o valor da cota também permaneceria em R$ 1 mil. Em uma hipótese, se este gestor usasse a marcação a mercado, o patrimônio do fundo seria de R$ 8 mil, o que provocaria uma queda no valor da cota para R$ 800. Neste momento, se o investidor A solicitar o resgate total e o gestor tiver atualizado as cotas pelo valor de face, o total sacado será de R$ 5 mil. O fato é que, para pagar o resgate ao investidor A, neste exemplo, o gestor teve que vender títulos, os quais foram negociados segundo as condições do mercado. Se nesta operação, for apurado algum prejuízo, isso será repassado apenas para o investidor B que ficou na carteira. Para se ter uma idéia, caso o investidor B solicite resgate no dia seguinte ao do investidor A, o valor sacado será de apenas R$ 3 mil - patrimônio de R$ 8 mil (valor atualizado pela marcação a mercado) menos o resgate de R$ 5 mil do investidor A. Ou seja, o investidor B assumiu sozinho a variação negativa da cota. Não deixe de ver no link abaixo as dicas de investimento, com as recomendações das principais instituições financeiras, incluindo indicações de carteira para as suas aplicações, de acordo com o perfil do investidor e prazo da aplicação. Confira ainda a tabela resumo financeiro com os principais dados do mercado.

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