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Investidor deve ter cuidado com fundos IGP-M

Os fundos IGP-M têm apresentado rendimento superior ao CDI e têm atraído a atenção dos investidores. Analistas alertam sobre os riscos dessas carteiras e destacam que a incerteza sobre a tendência para inflação deve ser analisada como um risco para essa aplicação.

Por Agencia Estado
Atualização:

A preocupação com a alta da inflação tem estimulado muitos investidores a aplicar em carteiras de fundos formadas por papéis indexados a índices de inflação, principalmente por papéis públicos com rentabilidade vinculada ao Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M). São os chamados fundos IGP-M. Dados do site Fortuna mostram que, desde junho, os fundos IGP-M disponíveis no mercado já captaram R$ 5,2 bilhões. Para se ter uma idéia, no BankBoston, o fundo IGP-M começou o mês de outubro com um patrimônio de R$ 350 milhões, encerrando o período com um total acima de R$ 1 bilhão. De acordo com a diretora-adjunta de investimentos do BankBoston, Sinara Figueiredo, nos primeiros dias de novembro, a captação líquida já ultrapassava R$ 100 milhões. Papéis longos, falta de liquidez e derivativos Gestores de fundos têm recomendado muita cautela e atenção aos investidores que optarem por essas aplicações. Isso porque os fundos IGP-M são formados por papéis de prazo mais longo, o que pode trazer perdas para quem aplica pensando em resgatar seus recursos no curto prazo. Além disso, deve-se estar atento ao risco de crédito dos títulos que compõem as carteiras, já que muitas empresas privadas e bancos têm lançado papéis com variação vinculada ao IGP-M. A diretora-adjunta do BankBoston destaca que esses títulos não possuem liquidez (facilidade de negociação). "Isso significa que quando há momentos de saques elevados, como aconteceu com os fundos de renda fixa em meados desse ano, e o gestor precisa vender títulos para efetuar os pagamentos, a tendência é que esses papéis percam valor, justamente porque precisam ser vendidos rapidamente para fazer caixa. Ou seja, a falta de liquidez é outro risco dessas carteiras", afirma. A atenção dos investidores também deve estar voltada para as operações de derivativos que podem ser usadas na composição dos fundos IGP-M. Essas são operações que abrem a possibilidade de ganho maior, embutindo também maior grau de risco. Em alguns casos, o gestor pode fazer uso de alavancagem, em que mais de 100% do patrimônio pode ser investido em operações no mercado futuro. Investidor deve olhar para o futuro A diretora-adjunta do BankBoston recomenda o fundo IGP-M como alternativa de diversificação dos investimentos. Ela destaca que o investidor não deve se basear na inflação passada, já que o ganho maior dessas carteiras se dará pela confirmação da perspectiva de alta para a inflação futura. "O investidor deve tomar cuidado em não optar por esse fundo olhando para o passado. Essas carteiras têm apresentado um bom rendimento, mas o que gera ganho para qualquer aplicação é a confirmação de uma expectativa que se cria em torno de um cenário e não o que aconteceu com esse investimento no passado", afirma Sinara Figueiredo. O gestor de fundos da Unibanco Asset Management, Roberto Petena, destaca também a transparência do investimento. "Para investir em uma carteira com esse perfil de risco, é necessário assinar um terno de adesão em que todos esses pontos são explicitados. O prospecto do fundo e o aconselhamento do gerente de investimentos também ajudam a esclarecer os riscos dessas carteiras", afirma. Veja nos links abaixo em que situações o investidor pode perder todo ou parte do dinheiro.

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