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‘Investidor quer ver medidas concretas’

Para Aswath Damodaran, professor da Universidade de Nova York, estrangeiros ainda desconfiam da duração do governo Temer

Por Lucas Hirata
Atualização:

O retorno dos estrangeiros ao mercado financeiro do Brasil depende de medidas concretas de ajuste econômico e de uma solução definitiva para a crise econômica nacional, disse o professor de Finanças da Universidade de Nova York (NYU) Aswath Damodaran. Para o especialista, prevalece um tom de cautela entre os investidores, que restringem a exposição ao País. Apesar disso, ele entende que o mercado de ações nacional possui potencial de ganho, principalmente, no setor de consumo.

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“No momento, as palavras dos políticos pouco importam para os investidores (estrangeiros). Houve tanto falatório que eles pararam de ouvir”, disse o economista ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, em entrevista por telefone. “O mercado está esperando para ver medidas concretas. É com base nisso que o Brasil será avaliado”, disse Damodaran.

Por enquanto, a agenda econômica do presidente em exercício, Michel Temer, tem entre as prioridades uma proposta de emenda à Constituição (PEC) para criar um teto para o crescimento dos gastos públicos. No entanto, a medida, assim como outros esforços do peemedebista, precisa passar pelo crivo do Congresso, tornando ainda mais essencial a relação de apoio entre o Legislativo e o Executivo.

Para o economista, a deterioração do cenário nacional é fundamentalmente um problema político que está se refletindo no lado econômico. “Os problemas políticos levam mais tempo para serem resolvidos e a solução lógica nem sempre é a solução adotada. É simplesmente política”, disse Damodaran, ao indicar que a tomada de decisões é influenciada pelo ciclo eleitoral.

O mercado também tem desconfiança em relação à duração do governo Temer. “Os investidores sabem que o governo em exercício agora pode não ser de longo prazo”, afirmou o especialista. “O mercado quer ver medidas ousadas, que possam perdurar, mas isso só pode ser conseguido em um governo com um mandato.”

China. Do lado externo, um ponto de alerta para a economia brasileira diz respeito ao enfraquecimento da China. Para Damodaran, muitas empresas são dependentes do país asiático e, embora ainda esteja crescendo, a economia chinesa tem poucos indicadores confiáveis. “Não se sabe o que está acontecendo”, afirmou. “Só entendemos a realidade dois anos depois do fato. Ficamos sabendo da realidade pelo relato de companhias europeias, brasileiras e americanas, porque dados oficiais não são confiáveis”, acrescentou.

“Eu observo a receita e os ganhos das companhias que estão expostas ou investiram na China. Isso (a saúde dessas empresas) é o ‘canário na mina de carvão’ (ou seja, um indicador de perigo) e poderá mostrar que os problemas estão vindo”, disse o economista. Para Damodaran, um pouso forçado no país asiático é possível, mas, caso concretizado, o impacto terá de ser enfrentado globalmente. “Não existe mais um porto seguro na economia mundial”, acrescentou.

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