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Investidores do fundo de crédito Silverado pedem indenização por supostas fraudes de gestão

Clientes, liderados por BTG e JP Morgan, buscam reparação de R$ 400 milhões; acusação que pesa sobre o gestor é de que ele teria usado empresas de fachada para 'esquentar' notas fiscais

Por Josette Goulart
Atualização:
  Foto: HANDOUT | NYT

Os investidores do fundo de crédito Silverado, liderados por BTG Pactual, JP Morgan e Sul América Investimentos, estão pedindo cerca de R$ 400 milhões em indenizações pelas perdas com supostas fraudes que teriam ocorrido na gestão do fundo. A briga está sendo travada na Justiça não apenas contra a Silverado Gestão e Investimentos, que geria o fundo, mas também contra os bancos BNY Mellon, Deutsche Bank e Santander e a corretora Gradual, que prestavam serviços ao fundo de crédito.

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 A acusação que pesa sobre o gestor é de que ele teria usado empresas de fachada para “esquentar” notas fiscais. A primeira manipulação teria acontecido em um pequeno porcentual do fundo, para evitar que houvesse registro de inadimplência, o que poderia afugentar os investidores. Mas, com o passar do tempo, o gestor teria começado a usar mais e mais notas frias. De acordo com a argumentação dos investidores, ao final, cerca de 90% da carteira continha créditos que não devem mais ser recuperados porque são provenientes de operações fictícias.

Um fundo de crédito funciona quase como um banco, mas restrito a um tipo de operação: o desconto de duplicata. Neste tipo de negócio, uma determinada empresa que vende produtos ou presta algum serviço antecipa o recebimento do dinheiro por meio dessa operação. O fundo recebe as notas fiscais que devem ser pagas pelas empresas que contrataram os serviços ou compraram os produtos.

No caso da Silverado, ele teria antecipado recursos a empresas de fachada, que pertenciam ao próprio controlador da Silverado, e que teriam prestado serviços a grandes empresas brasileiras. Mas uma perícia contratada pelos investidores teria demonstrado que as notas são frias. Os investidores, no entanto, não quiseram comentar.

A gestora alega que não houve fraude, mas preferiu não conceder entrevista para explicar seus argumentos. Disse apenas em nota, enviada por sua assessoria de imprensa, que “está pronta para colaborar com a Justiça e enxerga nas ações uma oportunidade para esclarecer as reais causas das perdas apropriadas pelos fundos”.

Histórico. A Silverado foi fundada por um veterano do mercado financeiro, Manoel Teixeira de Carvalho Neto. Ele chegou a ter sob sua responsabilidade cerca de R$ 750 milhões alocados em fundos de crédito. Entre os investidores estavam não só clientes como BTG Pactual, JP Morgan e Sul América Investimentos, mas também empresários de peso que, por meio de suas family office, aplicaram recursos nos fundos.

Esses investidores se dizem lesados porque também outros prestadores de serviço do fundo davam a chancela de que era um investimento seguro de fraudes. Seria o caso dos custodiantes dos fundos da Silverado, Deutsche e Santander, que deveriam verificar a legitimidade de todas as operações de crédito. Além disso, os administradores, Gradual e BNY Mellon, deveriam ter fiscalizado o fundo. Nenhum dos envolvidos quis comentar o assunto.

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Os indícios de fraudes foram encontrados em dois fundos da Silverado chamados Maximum e Maximum II, que tinham até o início do ano um patrimônio de cerca de R$ 470 milhões. O alerta para os investidores chegou quando a agência de classificação de risco S&P decidiu, em fevereiro, retirar as notas de crédito do fundo. Os investidores então se reuniram em assembleia e destituíram o gestor. Em junho, decidiram pedir indenizações na Justiça. A gestora Silverado também era dona de fundos que tinham duplicatas da Petrobrás, entregues por fornecedores da empresa, mas este fundo não teve qualquer problema.

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