Brasília – Parte da pressão internacional para que o governo brasileiro tome medidas contra o desmatamento da floresta amazônica pode ser medida em números. Sob a liderança da Storebrand Asset Management, uma das maiores companhias da área de seguros da Noruega, o grupo completo reúne um total de 34 megainvestidores de dez países, com ativos na ordem US$ 4,6 trilhões.
A reunião por videoconferência desta quinta-feira com o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, e com ministros do governo Bolsonaro contou com a presença de representantes de dez destes investidores, que juntos administram cerca de US$ 3,24 trilhões em ativos. Apenas a Legal and General Investment Management (LGIM), do Reino Unido, tem uma carteira no valor de US$ 1,51 trilhão.
Também participaram da reunião com Mourão representantes da japonesa Sumitomo, das suecas AP2, SEB e Nordea, das holandesas Robeco e NN, da norueguesa KLP e da canadense BlueBay. No encontro, as companhias buscaram ouvir as explicações do governo brasileiro sobre o atual estado da preservação ambiental no País.
Em 23 de junho, o grupo de investidores internacionais enviou uma carta ao governo brasileiro expressando “profunda preocupação” com o aumento do desmatamento no Brasil.
Hoje, 9/7, Mourão e ministros do governo Bolsonaro – entre eles o do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e a da Agricultura, Tereza Cristina – realizaram a videoconferência como o objetivo de tratar das questões ambientais com os investidores.
Em coletiva após a videoconferência, Mourão e os ministros procuraram defender as ações do governo na área ambiental. Ao mesmo tempo, disseram que as críticas internacionais sobre a derrubada na floresta no País refletem interesses comerciais e disputas geopolíticas.
Em nota divulgada após a videoconferência, os investidores internacionais disseram estar interessados em saber a posição do governo brasileiro sobre a proteção do capital natural do País, principalmente das florestas tropicais. Eles afirmaram ainda que o que foi passado pelos representantes do governo brasileiro foi anotado e que, daqui para frente, vão acompanhar o “desenvolvimento” das ações, com base em cinco questões principais.
Nesta lista estão a redução “significativa” das taxas de desmatamento, a aplicação do Código Florestal brasileiro, a capacidade das agências de cumprir a legislação ambiental, a prevenção a incêndios e o acesso público a dados sobre desmatamentos.
“Estamos encorajados pela resposta inicial e pelo diálogo com representantes do governo brasileiro e esperamos sua continuação e resultados”, disse Jan Erik Saugestad, CEO da Storebrand, na nota divulgada pelo grupo. “Como instituições financeiras, vemos o desmatamento e os impactos associados à biodiversidade e às mudanças climáticas como riscos sistêmicos, com potencial para impactar negativamente os retornos.”
Neste momento, por trás do diálogo aberto pelo governo com os grupos internacionais está a preocupação em torno de investimentos no Brasil. Boa parte das companhias envolvidas tem hoje políticas explícitas voltadas para o investimento em ativos ou em países que buscam a preservação do meio ambiente.
Caso o Brasil não atenda a critérios internacionais de preservação, isso pode se refletir na retirada, por estes fundos, de recursos do País, hoje aplicados em títulos públicos ou em setores econômicos específicos, como o agronegócio.