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Investidores pedem mudança na tarifa de energia

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente da Câmara Brasileira de Investidores nas Empresas de Energia, Cláudio Salles, defendeu hoje a mudança da estrutura da tarifa, como forma de diminuir custos e baratear os preços para o consumidor. Segundo ele, de cada R$ 100,00 da tarifa de energia, R$ 27,00 vão para a empresa distribuidora. Os R$ 73,00 restantes vão para custos diversos como impostos, taxas e subsídios, sobre os quais o governo tem forte ingerência. "A mudança nessa estrutura tarifária, inclusive nos subsídios cruzados, pode resultar no barateamento para o consumidor residencial, que é mais sacrificado", afirmou Cláudio Salles, em entrevista ao Bom Dia Brasil, da TV Globo. Para ele, as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva às agências reguladoras são positivas. "Mas é importante entender o seguinte: A quem cabe formular a política geral do setor elétrico certamente é o governo. À agência cabe fazer com que regras definidas sejam cumpridas. É uma entidade neutra, independente até do governo, para proteger a sociedade de eventuais erros de governo, como aconteceram no passado", afirmou. Segundo Salles, o governo tem muito espaço para agir na revisão da estrutura tarifária, evitando, por exemplo, que no Brasil o consumidor residencial financie o consumidor industrial. "Se você considerar a tarifa residencial dividida pela tarifa industrial, a do Brasil é 2,3 maior que a tarifa industrial. Comparativamente com outros países, o Brasil é campeão desse índice". Para Salles o governo deveria rever, por exemplo, o preço dolarizado da energia vendida pela usina de Itaipu. "Isso teria um efeito enorme na diminuição de tarifa". Eletropaulo Cláudio Salles disse ainda que é falaciosa a afirmação de que a controladora da Eletropaulo, a AES, se endividou para remeter dividendos indevidos ao exterior. "A Eletropaulo distribuiu dividendos nos anos de 1999 e 2000 num total de US$ 318 milhões. Desse total, foram US$ 217 milhões para a AES. Os outros US$ 100 milhões foram para acionistas minoritários. Nesse período ela pagou US$ 850 milhões de financiamento para o BNDES. Nos anos seguintes, ela não distribuiu mais investimentos, comprimida pelas condições de mercado, como todas as empresas, mas ela ainda pagou adicionais de US$ 85 milhões. A empresa está em dificuldades sim, não conheço o detalhe do problema operacional da companhia, mas o problema é muito mais geral do que alguns comentários dão a entender", disse Salles. Segundo ele, todas as empresas de energia (distribuidoras e geradoras) sofrem da maxidesvalorização do dólar, que ocorreu no passado, e da diminuição do mercado. "O mercado de energia hoje é 20% menor do que todas as projeções. É equivalente ao mercado de 1999, 2000. Essa compressão está causando as dificuldades a todas as empresas", disse. Ele condenou também a intenção do governo de rever os contratos com as empresas de energia para diminuir custos. "Cabe lembrar que em 1993, quando existia uma situação de tarifas comprimidas artificialmente, a sociedade não se lembra, mas pagou US$ 28 bilhões para superar o rombo de todo o setor elétrico, que era todo estatal. Esta história não queremos que se repita, porque o ônus é muito maior para o País", afirmou.

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