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Professor de Finanças da FGV-SP

Investimento ativo ou passivo. O que é melhor

A situação atual e a preocupação com a inflação, entre outros fatores, têm levado pesos-pesados do mercado a adotar a gestão passiva, como a BlackRock

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Por Fábio Gallo
Atualização:

Esse é um debate antigo e que volta para a ribalta neste momento de crise. Se perguntarmos para as pessoas se elas são boas o suficiente para bater o mercado, provavelmente poucas responderão que sim. Mas e se essa pergunta fosse feita ao seu gestor de fundos ativos? Numa indústria de mais de US$ 60 trilhões, provavelmente a resposta seria sim. No entanto, pesquisa da Trusnet de maio passado indica que a maioria dos fundos de ações que praticam investimento ativo está sendo superada pelos de gestão passiva em 2021. Diferentemente de 2020, quando os fundos ativos perfomaram melhor.

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A situação atual e a preocupação com a inflação, entre outros fatores, têm levado pesos-pesados do mercado a adotar a gestão passiva, como a BlackRock – abordagem endossada também por W. Buffett. Uma expressão atribuída a ele, diz que “a coisa mais inteligente que seu dinheiro pode fazer é deitar na rede e tirar o resto do dia de folga”.

Investimentos ativos ou passivos, de maneira ampla, são duas abordagens distintas de aplicar os recursos. Investimento ativo ocorre quando o gestor seleciona ativos com base nas suas avaliações individuais, buscando ações subavaliadas para compra ou vendendo ativos que julga sobrevalorizados, sempre escolhendo o que é mais atraente. A procura é investir de forma a bater o mercado ou um benchmark estabelecido, por exemplo o Ibovespa, que é o índice da Bolsa brasileira. Pode parecer algo mais atraente, porque somos propensos a acreditar que as coisas ativas são mais dinâmicas, fortes e com melhores resultados. Mas essa abordagem de investimento demanda muito trabalho e conhecimento de mercado.

Pesquisa da Trusnet de maio passado indica que a maioria dos fundos de ações que praticam investimento ativo está sendo superada pelos de gestão passiva em 2021. Foto: Gabriela Biló/Estadão

Por seu lado, investimento passivo é a abordagem de compra e retenção de ativos de longo prazo. Por exemplo, comprando ações que repliquem determinado índice de mercado ou aplicando em um fundo de índice. O objetivo desse investidor é obter o mesmo retorno que determinado índice alcançar, em vez de buscar superá-lo.

As duas abordagens de investimento têm aspectos positivos e negativos, mas a maioria das pessoas estará mais bem servida aplicando os seus recursos no investimento passivo. Algo que é evidente, o investimento ativo é mais caro, exige a participação de analistas e gestores. Além disso, gasta-se mais pelas negociações mais frequentes. Muitas vezes esses custos mais altos destroem os ganhos adicionais obtidos pelas aplicações que têm retorno acima do benchmark.

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Pelo outro lado, um agente ou investidor individual altamente qualificado pode ganhar muito dinheiro praticando o investimento ativo. Mas, isso é para poucos, a despeito de muita gente anunciar que consegue ganhar sempre do mercado. Um exemplo são os “day traders” que estão entre os perdedores mais consistentes. O investimento passivo pode ser mais indicado para a maioria dos investidores. Além de apresentar custos mais baixos, tem um bom desempenho, especialmente no longo do tempo.  *PROFESSOR DE FINANÇAS DA FGV-SP

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