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Investimentos reagem após 15 quedas seguidas

Indicador teve alta de 1,6% no terceiro trimestre; mesmo assim, taxa deinvestimentos é a mais baixa para o período desde o início da série do IBGE

Por Daniela Amorim (Broadcast) e Vinicius Neder
Atualização:

RIO - Após 15 trimestres seguidos de retração, os investimentos voltaram ao azul no terceiro trimestre do ano. A formação bruta de capital fixo (FBCF, conta dos investimentos no PIB) cresceu 1,6% em comparação ao segundo trimestre, segundo os dados divulgados nesta sexta-feira, 1, pelo IBGE. Ainda assim, a taxa de investimentos ficou em 16,1% do PIB, pior nível para terceiros trimestres desde 1996, início da série do IBGE. 

Tanto a produção nacional quanto a importação de bens de capital contribuíram para a elevação dos investimentos. Os destaques foram os investimentos em máquinas e equipamentos, caminhões e ônibus. 

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Como a construção civil continua em queda, ainda que em ritmo um pouco menor, o destaque na FBCF foram os bens de capital. Foto:

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Segundo cálculos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o consumo de máquinas e equipamentos puxou a melhora dos investimentos, mas a construção também contribuiu positivamente no período, embora ainda não haja retomada no setor. Por outro lado, o componente “outros investimentos” - que inclui desde touro reprodutor a pés de café, passando por recursos empenhados em pesquisa e desenvolvimento - recuaram 2,2%.

“A retomada é de máquinas e equipamentos”, disse José Ronaldo de Castro Souza Júnior, diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea. 

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O economista José Luís Oreiro, professor da Universidade de Brasília (UnB), lembrou que, depois de tanto tempo investindo pouco, as empresas são obrigadas a modernizar o maquinário. Por isso, segundo Souza Júnior, do Ipea, a construção ainda tem ociosidade alta em todos os ramos: residencial, comercial e industrial. “Quando você retoma a produção, não é necessário investir em construção. Você precisa é fazer alguma modernização e manutenção de máquinas e equipamentos”, disse Souza Júnior.

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Isso contribuiu para o avanço de 1,4% na indústria da transformação no terceiro trimestre ante o segundo, puxando a alta de 0,8% no PIB industrial. 

Só que a indústria da construção ficou estagnada, por causa dos cortes de investimentos do governo e a conjuntura econômica desfavorável,disse Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE. O segmento de infraestrutura foi o que mais sofreu. Em momentos de austeridade, os investimentos são as despesas mais fáceis de cortar. O fenômeno ocorre nas três esferas de governo: federal, estadual e municipal.

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“Com os governos impossibilitados de fazer obras, isso ainda vai perdurar. Você pode construir residências, mas essa parte sozinha não ajuda o desempenho da construção no PIB. O importante é que máquinas e equipamentos estão se recuperando”, disse o economista Claudio Considera, coordenador do Monitor do PIB da Fundação Getulio Vargas (FGV).

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Concessões. Os leilões de concessões realizados recentemente e os que ainda estão por vir podem ajudar numa recuperação futura. O Ipea prevê uma retração de 2,5% nos investimentos em 2017, seguida por avanço de 4,2% em 2018. “Investimentos dependem mais de confiança. O problema é que no ano que vem teremos eleição”, disse Souza Júnior.

Para o PIB, a expectativa do Ipea é de alta de 0,7% este ano e avanço de 2,6% no ano que vem. “Mas provavelmente vamos revisar as projeções, e com viés de alta. Os dados estão melhores do que estávamos esperando. Houve revisão para cima. O PIB todo foi revisto, então devemos revisar para cima também nossas expectativas”, concluiu Souza Júnior.

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