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Investimento cresce 4,6% e é destaque no trimestre

Alta é a maior desde o 1º trimestre de 2010, quando a economia se recuperava da crise

Por RIO e SÃO PAULO
Atualização:

Os investimentos foram o grande destaque positivo da economia no primeiro trimestre. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, conta que mede os investimentos totais na economia) cresceu 4,6% no primeiro trimestre deste ano em relação ao quarto trimestre de 2012, maior alta desde o primeiro trimestre de 2010, quando a economia se recuperava da crise internacional de 2008 e 2009, revelou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa de investimentos ficou em 18,4% do Produto Interno Bruto (PIB). O governo comemorou, mas economistas se dividem quanto à força dos investimentos para impulsionar o PIB no ano. "Os investimentos estão em ascensão. Isso significa um crescimento mais saudável", disse o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, para quem os investimentos vão continuar crescendo. Na visão da economista-chefe da gestora de recursos BNY Mellon ARX, Solange Srour, porém, é "muito cedo" para dizer se os investimentos vão continuar em alta. "A gente continua tendo os mesmos problemas que tínhamos no trimestre passado, como falta de competitividade, um cenário externo ainda muito incerto e um cenário interno com demanda se mostrando mais fraca." O primeiro trimestre ainda aponta crescimento em relação a uma base de comparação ruim, pois houve queda na FBCF no início de 2012, sob o impacto de investimentos menores em caminhões e ônibus, por causa da troca do padrão de motores. Em relatório, o economista-chefe da corretora Gradual Investimentos, André Perfeito, classificou as comemorações pela alta dos investimentos de "engodo". "A FBCF subiu por motivos pontuais e devido a uma base de comparação baixa. Ainda é cedo para assegurar um crescimento continuado do investimento." Dúvida. Para Sérgio Vale, da MB Associados, o investimento concentrado em caminhões e tratores lança dúvida sobre a qualidade do PIB no primeiro trimestre. O economista também não enxerga sustentação do crescimento pela falta de um marco regulatório e estabilidade no País. "O mercado já percebeu que a trinca de política macro foi para o espaço e caminhamos para déficits em conta corrente e no setor público preocupantes. A crise que certamente bateria em 2015 pode se adiantar e cair no colo da presidente no ano que vem, o que vai incitar mais políticas monetária e fiscal frouxas", alerta. O economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, segue projetando alta de 7% a 8% nos investimentos neste ano. Segundo ele, os dados da produção industrial apontam crescimento disseminado no setor de bens de capital, "embora isso não garanta que o crescimento vá se sustentar". Desempenho pífio. Enquanto isso, a tão aguardada recuperação da indústria não ocorreu. O PIB do setor caiu 0,3% no primeiro trimestre, comparado ao trimestre imediatamente anterior e, 1,4% sobre igual período de 2012. O desempenho foi "desalentador", na perspectiva da Confederação Nacional da Indústria (CNI), e "pífio", para a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp). A grande responsável pelo resultado ruim da indústria foi a atividade extrativa mineral, sobretudo de petróleo e gás, embora a produção de minério de ferro também tenha caído, com uma menor demanda da China. Mas também a indústria de transformação, responsável por mais da metade do setor, decepcionou, com queda de 0,7% ante o primeiro trimestre do ano passado. "Ainda que positivo (na margem), esse fraco desempenho manufatureiro ainda não assegura um resultado mais robusto para a indústria em 2013", afirmou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) em sua análise do PIB do início do ano. De fato, a indústria apresenta resultados negativos ou estáveis desde o quarto trimestre de 2011, quando caiu 0,4%, considerando a comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, segundo o IBGE. /VINICIUS NEDER, FERNANDA NUNES, MARIANA DURÃO, MÔNICA CIARELLI, FERNANDO DANTAS, RICARDO BRITO e BEATRIZ BULLA

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