PUBLICIDADE

Investimento de R$ 6,5 bi da GM não inclui fábrica em SP

Montadora negocia a suspensão do contrato de trabalho de mil funcionários da unidade, em São José dos Campos, por cinco meses

Por
Atualização:

O investimento de R$ 6,5 bilhões anunciado pela General Motors para o período de 2014 a 2018 não inclui, por enquanto, a fábrica de São José dos Campos (SP), onde o grupo pretende colocar cerca de mil trabalhadores em lay-off (suspensão dos contratos de trabalho) por cinco meses. Desde 2013, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos aguarda a confirmação de um investimento de R$ 2,5 bilhões para a produção de uma nova família de carros compactos, em tese os substitutos do Celta e do Classic. "O projeto não está pronto e, por isso, não está incluso nesse pacote", disse ontem o presidente da GM América do Sul, Jaime Ardila. Segundo ele, a intenção da empresa era desenvolver um compacto na faixa de preço de R$ 30 mil, "mas essa equação ainda não se mostrou viável". O novo plano, com valor recorde para um período quinquenal, foi anunciado na quinta-feira pela presidente mundial da GM, Mary Barra, à presidente Dilma Rousseff, em Brasília. Ontem a executiva recebeu um grupo de jornalistas na fábrica de São Caetano do Sul, no ABC paulista, mas manteve a estratégia do dia anterior, de não revelar detalhes do novo plano. "Vamos investir em novos veículos, novos motores, na atualização dos produtos atuais, em novas tecnologias e na melhoria da eficiência", disse Mary em sua primeira visita ao Brasil após assumir o comando global da GM, em janeiro. A fábrica de São José, conhecida por constantes conflitos nas relações trabalhistas, opera com alta ociosidade principalmente após o fim da produção de automóveis naquela unidade. Hoje, a filial produz a picape S10 e o utilitário Trailblazer, ambos de baixo volume de vendas, além de componentes e emprega 5,2 mil trabalhadores. Há dois anos, tinha 7,5 mil empregados. Com o mercado de veículos em desaceleração e os estoques elevados em todo o setor, a empresa negocia o lay-off com o sindicato, que não aceita a medida. "Da última vez que a empresa fez lay-off, houve demissões após o fim do programa", justificou o presidente da entidade, Antônio Ferreira de Barros, o Macapá. "O que a GM quer é demitir novamente." O sindicalista cobra da montadora uma reunião na próxima semana para discutir o investimento local. "Prefiro acreditar que a empresa vai cumprir o acordo de 2013, do contrário será um escândalo", afirmou. Na quinta-feira, a direção da fábrica do Vale do Paraíba entregou um comunicado aos funcionários alertando da possibilidade de demissões caso o lay-off não seja aprovado. Segundo fontes do mercado, a maior parte do novo investimento será destinada às fábricas de São Caetano do Sul (onde são produzidos os modelos Classic, Cobalt, Cruze, Montana e Spin), de Gravataí (que faz Celta, Onix e Prisma) e de Joinville (motores). Não está descartada a retomada do projeto de uma linha de transmissões na unidade de Santa Catarina.Recall. Antes de retornar aos EUA ontem, após três dias no Brasil, Mary Barra voltou a falar da importância do mercado brasileiro para as operações da companhia. Ressaltou que o grupo opera com projetos para o longo prazo, por isso a crise atual do mercado será enfrentada com novos produtos. Sobre a onda de recalls nos EUA -desencadeada por um problema na chave de ignição de modelos fabricados há uma década, mas que só veio à tona recentemente, inclusive com o reconhecimento de vítimas fatais -, afirmou que a empresa aprendeu diversas lições. "Foi uma situação muito difícil e trágica, mas estamos trabalhando muito para que nunca mais ocorra", disse Mary. Ela citou a investigação feita pela própria empresa para apurar a origem da falha e admitiu que a companhia tem feito uma série de recalls preventivos. Só a marca já fez globalmente cerca de 60 campanhas de convocação neste ano, para mais de 20 milhões de veículos em razão de defeitos que colocam em risco a segurança dos usuários. No Brasil, foram nove recalls até agora, para 284 mil carros.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.