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Investimento deve voltar a focar indústria em 2003, diz Lopes

Por Agencia Estado
Atualização:

A indústria brasileira deve continuar absorvendo boa parte dos investimentos estrangeiros diretos que ingressarão no País em 2003. Depois de responder por 65% de todo o fluxo de investimentos no Brasil em 1996, o setor perdeu terreno para o segmento de serviços, que absorveu volumes importantes de investimentos nos últimos anos, em decorrência das privatizações promovidas pelo governo Fernando Henrique Cardoso. ?A tendência natural agora, com o fim das privatizações, é a indústria voltar a receber esses investimentos?, avalia o chefe do Departamento Econômico (Depec) do Banco Central, Altamir Lopes, em entrevista à Agência Estado. Essa mudança no direcionamento dos investimentos no País já pode ser percebida nos dados apurados pelo Banco Central nos últimos dois anos. De 2001 para 2002, a indústria já registrou um aumento em sua participação na captação de recursos externos. Em 2001, o setor respondeu por 33,3% dos investimentos estrangeiros diretos que ingressaram no País. Em 2002, essa participação saltou para 40,6%. Em contrapartida, os investimentos feitos no setor de serviços caíram de 59,6% para 56% nesse período. Na avaliação de Lopes, a intensificação do trabalho de substituição de importações, ocorrida nos últimos anos, favorece o retorno de investimentos para o setor industrial. A expectativa do Banco Central é de que esse processo de substituição continue. ?Essa substituição vai ser muito sentida em segmentos como os de alimentos e bebidas, de material eletrônico e equipamentos de comunicação, como é o caso da indústria de telefonia celular?, observou. Mesmo considerando que o segmento de telefonia celular no País já atendeu boa parte da demanda, existe uma tendência de substituição dos aparelhos antigos por outros com tecnologia mais avançada. ?Esse é um setor que não pára de crescer?, observa o chefe do Depec. A busca por novos mercados para os produtos brasileiros também contribui para o aumento dos investimentos no setor industrial, avalia Lopes. ?O processo de substituição de importações abre um canal para um maior volume de exportações brasileiras, o que se reflete nas decisões de investimentos da indústria?, afirma o chefe do Depec. Novamente, o setor de telefonia celular pode contribuir, na avaliação de Lopes, para transformar o Brasil numa plataforma de produção e exportação desse tipo de produto para outros países da América Latina. Alguns segmentos do setor de serviços, entretanto, ainda continuarão a absorver um bom volume de investimentos estrangeiros diretos, apesar do declínio natural observado por Lopes, para o setor como um todo. ?Os serviços na área de telecomunicações e financeira ainda têm um grande potencial de absorção de investimentos?, exemplifica Lopes. Segundo ele, não há como o Banco Central fazer qualquer estimativa sobre quanto o setor industrial deverá absorver em investimentos, este ano. Mas Lopes garante que, no médio e longo prazos, o setor tem todas as condições de voltar a absorver os 65% do fluxo de investimentos para o País registrados em 1996. ?Havia uma grande carência de investimentos no setor de serviços que já foi atendida. Com essa pavimentação, é natural esperar que a indústria volte a responder por boa parte dos investimentos que ingressam no País. Mas essa mudança não ocorrerá, de maneira forte, no curto prazo?, ressalta Lopes. A projeção do Banco Central para ingresso de investimentos estrangeiros diretos no Brasil este ano é de um total de US$ 16 bilhões. ?Os investimentos estão fluindo normalmente e, pelas intenções apresentadas pelas empresas, temos segurança com relação ao ingresso dos US$ 16 bilhões que projetamos para este ano?, disse Lopes.

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