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Investimento direto brasileiro da China é pequeno, mas vai crescer

A participação do Brasil no investimento direto estrangeiro que chegou à China é tão pequena - apenas cinco empresas - que nem aparece nas estatísticas do Banco Central. Mas agora as coisas devem mudar.

Por Agencia Estado
Atualização:

Desde que começou a abrir seu mercado, no fim dos anos 70, a China já atraiu 360 mil empresas estrangeiras para seu território. O movimento aumentou depois que ficou praticamente certa a entrada do país na Organização Mundial de Comércio (OMC), em 1999. Companhias européias e norte-americanas estão espalhadas por todo o país, mas a participação do Brasil no investimento direto estrangeiro que chegou à China é tão pequena apenas cinco empresas que nem aparece nas estatísticas do Banco Central. Agora, no entanto, a situação pode começar a mudar. Ao mesmo tempo em que o ministro Sérgio Amaral, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, lidera uma comitiva de empresários ao gigante asiático, entre os dias 1 e 5, a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China realiza a Brazil-China Trade Fair, primeira feira de negócios entre os dois países depois de 18 anos. Participarão do evento pouco mais de 120 empresas brasileiras. As pioneiras Do Brasil, até agora só estão na China a Embraco (única que tem linha de produção no país), a Vale do Rio Doce (escritório), a Embraer (escritório de representação e depósito de peças), a Sadia (churrascaria) e o escritório Noronha Advogados. Mas a Marcopolo, a Fundição Tupy, os cafeicultores e uma empresa produtora de tubos para gasoduto (que prefere não ser identificada) estão em busca de oportunidades para investir no país de maior crescimento econômico do planeta ritmo médio de 9% nos últimos 20 anos. No setor automobilístico, as montadoras vêm aumentando sensivelmente suas vendas para a China, o que representa para os fabricantes brasileiros de autopeças a conquista de novos mercados e até a possibilidade de investimentos com sócios locais para produção. A Embraco investiu US$ 25 milhões na China entre 1995 e 1998 para consolidar sua parceria com o grupo Snowflake, que atua no setor de eletrodomésticos. Da associação surgiu a Beijing Embraco Snowflake Compressor Company, na qual 55,23% do capital pertencem à empresa brasileira. A companhia produz 1,7 milhão de compressores e emprega mil pessoas na China. A Embraer, maior exportadora brasileira, já investiu US$ 5 milhões na China para a instalação de um escritório de representação, em maio de 2000, e para a formação de um centro de distribuição de peças, inaugurado em 4 de março. O centro, em parceria com a China Aviation Supplies Import and Export Corporation, fica dentro da Zona de Desenvolvimento do Aeroporto Internacional da cidade. Tem 750 metros quadrados e um estoque de mais de 6 mil tipos de peças. Emprega 10 chineses e dois brasileiros. O presidente da empresa, Mauricio Botelho, já confirmou que a empresa avalia a possibilidade de produzir na China. A Embraer vendeu cinco jatos ERJ 145 à Sichuan Airlines, ao preço médio de US$ 18,5 milhões. Há 20 ordens firmes e 10 opções, mas a venda ainda depende da aprovação de Pequim. Ponto de observação A Sadia, que não exporta para a China, abriu em abril de 1994 a churrascaria Beijing-Brasil, em parceria com a chinesa Sky Dragon. A empresa investiu US$ 720 mil na parceria, na expectativa de que Brasil e China chegassem a um acordo fitossanitário que permitisse a importação de frango brasileiro. "A churrascaria é um posto de observação para nós. O Brasil continua a negociar um acordo fitossanitário com os chineses e faremos parte da comitiva do ministro (Sérgio) Amaral, que visita a China em abril, na expectativa de alcançarmos um acordo", diz o presidente da Sadia, Luiz Fernando Furlan. A Vale do Rio Doce também firmou parceria comercial e societária com a maior siderúrgica chinesa, a Shangai Baosteel Company, para criar, no Brasil, a Baovale Mineração. Pelo acordo, firmado em outubro do ano passado, haverá suprimento de minério de ferro entre as duas companhias, o que vai aumentar as exportações da Vale para a China. Em 2000, a Vale vendeu para a China 9,2 milhões de toneladas de minério de ferro, uma alta de 8% em relação a 1999. Segundo os dados disponibilizados pela empresa, até setembro do ano passado foram 11,5 milhões de toneladas. A operação, segundo comunicado, trará uma receita aproximada de US$ 2 bilhões para a Vale nos próximos anos. A Vale tem um escritório de representação comercial em Xangai, mas não revela o valor do investimento. Depois de quatro anos atendendo a clientes chineses, a Noronha Advogados inaugurou, em junho do ano passado, o primeiro escritório de advocacia brasileiro e latino-americano na China, em Xangai. O escritório treinou duas advogadas chinesas em seus escritórios no Brasil e a equipe que vai cuidar de clientes chineses é formada, também, por dois profissionais brasileiros de etnia chinesa, dois de etnia japonesa e um coreano. "A partir da China, queremos atender toda a Ásia", diz Durval de Noronha Goyos, sócio sênior da empresa.

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