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Investimento é menor, mas Mantega prevê crescimento maior

Na nova metodologia do PIB, taxa de investimento veio menor, o que pode mexer com crescimento econômico deste e dos próximos anos. Ministro avalia que não

Por Agencia Estado
Atualização:

A nova metodologia do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) apresentou um crescimento maior para a economia brasileira de 2002 a 2005. A má notícia é que a taxa de investimento - Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) -, de acordo com a nova metodologia - ficou menor do que o divulgado anteriormente. Para se ter uma idéia, em 2005, dado mais recente disponível, a taxa passou de 19,9% para 16,3%. Essa taxa de investimento menor poderá mexer com as projeções para o PIB nos próximos anos. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, porém, acredita no contrário. Ele disse que ainda não teve acesso aos novos dados de investimentos divulgados na manhã desta quarta-feira. "Mas, numa primeira avaliação, percebemos que a economia brasileira pode crescer mais ainda, mesmo que tenha sido verificado um crescimento menor dos investimentos. Teremos que refazer as contas", disse sem esclarecer como isso seria possível. De qualquer forma, disse, também é possível afirmar, com base nos novos números, que a relação dívida/PIB cairá. Mantega admitiu, entretanto, que dificilmente o Brasil terminará 2010 com uma taxa de investimento de 25% do PIB. Ele avalia que é possível que até 2010 a taxa de investimento tenha um crescimento anual da ordem de 1 ponto porcentual e termine o período entre 20% e 21%. Mantega ressaltou, entretanto, que esta taxa entre 20% e 21% será suficiente para que o Brasil consiga atingir uma taxa de crescimento em sua economia de 4% a 5%. Isso ocorrerá, segundo ele, porque houve um aumento da produtividade dos investimentos. "Os dados revisados de 2005 mostraram que crescemos mais com menos investimentos. Isso é uma boa notícia", disse. Ele se preocupou em ressaltar que isso não significa que ele esteja defendendo uma redução dos investimentos. "Pelo contrário, continuo achando que devemos aumentar os investimentos e atingir as metas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Com isso, teremos condições de melhorar a oferta da economia", acrescentou. Previsões O ministro da Fazenda disse que, com a nova metodologia, o PIB de 2006 deve ficar entre 3% e 3,5% (acima da taxa oficialmente divulgada, de 2,9%). "Como estamos vendo nos anos anteriores, as revisões ficaram, em média, 0,50 ponto porcentual acima dos números anteriores", afirmou. Mantega disse que cogita revisar sua projeção para o PIB deste ano, mas que antes terá que se debruçar sobre os novos números. "De qualquer forma, atingir 4,5% ou 5% de crescimento é mais fácil", disse ele, acrescentando que ajustará os resultados porque a economia brasileira vem crescendo mais do que o visto inicialmente. Juros em queda Ele reforçou que a taxa básica de juros, a Selic (atualmente em 12,75% ao ano), continuará a cair nos próximos meses porque a inflação esta sob controle. "Os juros vão continuar a serem reduzidos nas próximas reuniões do Copom, porque a inflação está absolutamente sob controle." Mantega destacou que, no início do governo Lula, a Selic estava em 25% ao ano e que hoje encontra-se em 12,75%. Da mesma forma, ele salientou que a Taxa de Juros a Longo Prazo (TJLP), atualmente em 6,5%, está em seu "menor patamar histórico". O ministro afirmou também que o Brasil já entrou na rota de crescimento sustentado. "Não estamos falando de uma promessa, de um desejo do governo, mas, sim, da realidade", enfatizou. O ministro ressaltou ainda que o segmento de crédito passou por uma "verdadeira revolução" nos últimos cinco anos, dando como exemplo, o crédito bancário que passou de 24% do PIB em 2003 para 34% no ano passado. Ele disse ainda que o mercado de capitais está se duplicando a cada ano. Segundo Mantega, este setor apresentou um volume de R$ 125 bilhões em IPOs (lançamento de ações) no ano passado e que a perspectiva de 2007 é de um montante de R$ 200 bilhões. "Isso é muito importante porque é um capital barato para todo o tipo de empreendimento", comentou. Spread Mantega salientou que nos últimos anos houve redução dos spreads (diferença entre os juros que são pagos pelos bancos na captação e os que eles cobram nos empréstimos concedidos), mas admitiu que as taxas ainda deixam muito a desejar. "Já caminhamos uma parte do percurso. Tínhamos dois bodes na sala e já conseguimos tirar um deles", disse, acrescentando, que uma de suas missões pessoais é a de reduzir os spreads da economia brasileira para que o custo dos investimentos e do capital de giro sejam menores. Sobre a inflação, o ministro disse que a inércia está cada vez menor porque a economia está menos indexada, o que propicia uma economia mais estável e conseqüentemente melhora a confiança dos empresários para que possam fazer investimentos de longo prazo. Mantega afirmou que um bom exemplo é o da construção civil que, segundo ele, vinha apresentando "trajetória muito ruim" nos últimos dez anos e que hoje está despontando como um dos pólos de crescimento brasileiro. O ministro comparou a inflação brasileira em 2006 (3,1%) com a de países avançados (2,6%) e também com a de nações em desenvolvimento (5,5%) do mesmo período. "Queda da inflação é fundamental para sustentar o crescimento", afirmou. Reservas Em relação às reservas internacionais, Mantega disse que foi mera coincidência o período de maior acúmulo de dólares no País com a sua posse no cargo e, salientou, que com um nível baixo de reservas o Brasil era frágil e sujeito a especulações. "Hoje as reservas superam US$ 106 bilhões, recursos maiores do que um montante que o governo tem de pagar ao exterior (US$ 63 bilhões)", comparou. Mantega disse também que o quadro fiscal é atualmente confortável e que o fato de o superávit primário - arrecadação menos as despesas, exceto o pagamento de juros - ter atingido 7,6% do PIB em janeiro "calou as vozes dos que sempre questionam o cumprimento da meta".

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