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Investimento estrangeiro bate recorde

Número positivo se mantém, mesmo com fuga de US$ 7,8 bi

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Por Redação
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A saída de dólares por meio de resgate dos investidores estrangeiros das aplicações que mantinham em ações e de títulos de renda fixa atingiu US$ 7,8 bilhões em outubro, no epicentro da crise. Mas o ingresso de investimentos diretos estrangeiros (voltados para a produção) continua batendo recordes e já é de R$ 38,1 bilhões em 12 meses. "Esperamos fluxo positivo por um bom tempo. Quiçá a crise não interfira nesse curso", disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, ao divulgar o resultado das contas externas do mês passado. Com juros elevados e real se valorizando, o Brasil passou os últimos dois anos atraindo crescentes volumes de divisas estrangeiras. No ano passado, por exemplo, o País tinha US$ 48,1 bilhões de entrada de dólares para investimentos estrangeiros em carteira - seja em aplicações na bolsa de valores, seja em títulos de renda fixa. Na virada do ano, apesar de a economia internacional já estar em crise, o Brasil continuava atraindo capitais, embora a um ritmo mais baixo. Foram US$ 18,1 bilhões até agosto. Em setembro, pela primeira vez, o agravamento da crise internacional fez os estrangeiros retirarem US$ 1,2 bilhão do País, número que se multiplicou por seis em outubro. Em novembro, pelos dados do BC, o movimento de retirada continua, mas em volume menor - menos de US$ 1,5 bilhão até o último dia 24. A maior parte das retiradas de outubro atingiram a bolsa (US$ 6 bilhões) e, em menor escala, os títulos de renda fixa (US$ 1,7 bilhão), ou seja, os papéis do governo brasileiro, que continuam rendendo mais do que no exterior. De qualquer forma, a decisão dos investidores estrangeiros abandonarem o país e se resguardarem em títulos "mais seguros" (alguns com rentabilidade real negativa, como os papéis do Tesouro americano) reflete a enorme aversão ao risco que dominou o mundo. Por quanto tempo esse fluxo de capital se manterá negativo para o Brasil é uma incógnita. É possível que ele continue por meses, em nível moderado, como pode ser que volte a ser positivo logo em frente. Outra dúvida que existe é sobre a persistência do movimento de atração de investimentos diretos estrangeiros, que tem sido altamente positivo, mesmo depois do agravamento da crise. Em outubro, o Brasil acumulou mais US$ 3,9 bilhões de investimentos estrangeiros diretos (IED) e, em novembro, pelos dados parciais, já atraiu US$ 2,35 bilhões. Ou seja, a pouco mais de um mês do final do ano, a estimativa de IED do BC (US$ 35 bilhões) já foi superada. "O que explica isso é a crença nos fundamentos da economia brasileira", afirmou Altamir Lopes. S.G. {HEADLINE} NÚMEROS {TEXT} 38,1 bilhões de dólares Foi quanto entrou em investimento estrangeiro direto (IED) no País em 12 meses encerrados em outubro 3,9 bilhões de dólares Foi quanto os estrangeiros investiram no País em IED, em outubro 7,8 bilhões de dólares Foi quanto os estrangeiros resgataram do País em outubro de aplicações em ações e renda fixa

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