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Investimento estrangeiro direto no País deve continuar alto em 2008

Crescimento da economia e tamanho do mercado são os principais fatores de atração de capitais

Por Brasília
Atualização:

Diante da expectativa de o País receber a avaliação de grau de investimento pelas agências internacionais de classificação de risco, a economia brasileira deve continuar em 2008 a receber fortes investimentos estrangeiros diretos (IED), aqueles voltados para a produção, não para a especulação. Apesar da desaceleração da economia dos Estados Unidos, o ambiente global continua favorável para os investimentos. Com os preços das commodities em alta, puxados pela elevação da demanda por petróleo, gás e metais, países em desenvolvimento tendem cada vez mais a se tornarem atrativos para novos investimentos. Para o estrategista de investimentos para América Latina do banco WestLB, Roberto Padovani, o ingresso de investimento estrangeiro direto no Brasil em 2008 ficará entre US$ 30 bilhões e US$ 35 bilhões, um pouco menos que os US$ 36 bilhões de 2007, mas, ainda assim bem acima de recordes anteriores. Outra tendência é o crescimento de investimentos entre os próprios emergentes - movimento chamado de sul-sul. "O bolo de investimentos estrangeiros é cada vez maior para países emergentes. E essa tendência vai continuar", diz Luiz Afonso Lima, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização (Sobeet). Estudo elaborado pela Sobeet faz uma radiografia dos principais fatores que favorecem a atração do investimento para o Brasil até 2009: crescimento e tamanho do mercado local. Nesses dois quesitos, o País está em posição equivalente à da China, Índia e Rússia, e acima da média mundial. Também conta a favor do Brasil o interesse dos investidores em ter acesso ao mercado dos países do Hemisfério Sul e aos seus recursos naturais. Por outro lado, o custo mais baixo de mão-de-obra não é um dos principais fatores de atração como se imaginava. Nesse item, o Brasil tem uma das piores classificações entre os pesquisados, isto é, a mão-de-obra é cara. A insegurança institucional e jurídica também é citada na pesquisa como fator que desestimula vinda de capital externo. A pesquisa da Sobeet mostra que países com grau de investimento registram grande aumento de IED antes e depois de atingirem esse status. Foi o que aconteceu com Chile, Israel, Polônia, África do Sul, México, Rússia, Bulgária e Romênia. Tudo indica que o mesmo deve ocorrer no Brasil. A avaliação mais comum entre os economistas é de que os investimentos crescem antes do grau de investimento, mas depois tendem a secar. Mas os dados mostram que, na prática, não tem sido assim. Os dólares que entram no Brasil como investimento produtivo (IED) e investimento financeiro (bolsa de valores, títulos e outros ativos) vão compensar parte da queda do saldo em conta corrente do balanço de pagamentos nos próximos anos, gerado pelo superávit menor esperado para a balança comercial. O diretor no Brasil da Comissão Econômica para América Latina e o Caribe (Cepal), Renato Baumann, destaca que o incremento de investimentos entre os países da região é uma tendência que fortalece o peso das economias dos países latino-americanos. Segundo ele, essa mobilidade do investimento inter-regional vai aumentar, sobretudo na indústria e setores de infra-estrutura. ADRIANA, FERNANDES FABIO GRANER, FERNANDO NAKAGAWA

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