
24 de março de 2009 | 12h22
Altamir destacou como importante o fato de a economia brasileira, a despeito da crise financeira internacional, continuar recebendo "fortes" ingressos de IED. Ele ressaltou que o volume de IED registrado em fevereiro, de US$ 1,968 bilhão, é o maior para o mês desde 1999, quando o fluxo foi de US$ 4,62 bilhões.
Altamir disse que, embora o BC tenha reduzido a previsão de ingresso de IED para o ano, de US$ 30 bilhões para US$ 25 bilhões, a trajetória é positiva. Ele destacou que a projeção é conservadora e o investimento estrangeiro é mais do que suficiente para financiar o déficit em transações correntes previsto para o ano, que é de US$ 16 bilhões.
O chefe do Depec informou que os investimentos estrangeiros em ações neste mês até hoje registraram uma saída de US$ 473 milhões. Em relação exclusivamente às ações negociadas no País, a saída em março está em US$ 442 milhões. Já os investimentos em títulos de renda fixa deixaram o terreno negativo em que se encontravam nos últimos meses e em março até hoje registram saldo positivo de US$ 50 milhões. Altamir informou ainda que os investimentos brasileiros no exterior neste mês até hoje somam US$ 410 milhões.
Fluxo cambial
O fluxo cambial em março até o último dia 20 está negativo em US$ 1,91 bilhão, de acordo com Altamir. O fluxo comercial, no período, está positivo em US$ 897 milhões, com exportações somando US$ 7,063 bilhões e importações, US$ 6,166 bilhões. No segmento financeiro, o saldo é negativo em US$ 2,806 bilhões, resultado de entradas de US$ 13,398 bilhões e saídas de US$ 16,204 bilhões. A média diária de Adiantamentos de Contratos de Câmbio (ACC) segundo Altamir, está em US$ 124 milhões.
Ajuste
O chefe do Depec avaliou que a conta de transações correntes do balanço de pagamentos do Brasil com o exterior passa por um ajuste "profundo e rápido". Segundo ele, ao contrário de 2008, quando o nível de atividade econômica estava acelerado e havia grande liquidez externa, agora ocorre o contrário, com o nível de atividade mais acomodado e a liquidez de recursos mais restrita.
Isso provocou, segundo Altamir, um ajuste de 43% do déficit de transações correntes, que caiu de US$ 5,910 bilhões no primeiro bimestre de 2008 para US$ 3,344 bilhões no mesmo período deste ano. Esse ajuste decorre de uma redução do fluxo de comércio brasileiro (importação e exportação), resultado do menor nível de atividade econômica e também da retração do comércio mundial, não só no Brasil como no mundo inteiro.
Segundo Altamir, esses fatores levam a mudanças rápidas na conta de serviços. Ele citou o caso de transportes, que está tendo um ajuste profundo, e da conta de viagens internacionais. Com o real mais desvalorizado, menos brasileiros viajam para o exterior. Por outro lado, a receita de estrangeiros no Brasil continua boa.
O chefe do Depec avaliou que o ajuste na remessa de lucros e dividendos também é muito profundo e significativo. No bimestre, a conta de lucros e dividendos caiu de US$ 4,317 bilhões em 2008 para US$ 1,801 bilhão. Segundo ele, com o agravamento da crise no final do ano passado, houve uma antecipação dessas remessas pelas empresas para repor posições no exterior. Também reflete o nível de atividade menor e a depreciação cambial.
Altamir avaliou que os empréstimos externos ainda não se normalizaram, embora tenham melhorado. A rolagem continua abaixo de 100% com o país pagando mais do que recebendo. Isso é decorrente, segundo ele, da falta de liquidez no mercado internacional.
Dívida externa
A dívida externa total brasileira caiu para US$ 195,838 bilhões em fevereiro. O saldo inclui endividamento público e privado. Em dezembro, a dívida externa estava em US$ 198,362 bilhões. A queda no saldo foi de US$ 2,524 bilhões. Os dados foram divulgados hoje pelo Banco Central.
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