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Investimento recorde e consumo animam PIB no 3o trimestre

Por RODRIGO VIGA GAIER
Atualização:

A economia brasileira cresceu mais que o esperado no terceiro trimestre, com destaque para o mercado interno impulsionado por investimentos e pelo consumo das famílias. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta quarta-feira mostraram expansão de 1,7 por cento no terceiro trimestre frente ao trimestre imediatamente anterior. Economistas consultados pela Reuters estimavam alta de 1,4 por cento. Em relação ao mesmo período do ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB) se expandiu 5,7 por cento --maior taxa desde o segundo trimestre de 2004 e também acima da projeção de analistas, de 4,8 por cento. "Desde 2004 não há um crescimento tão robusto. Em 2004, o crescimento dependeu das exportações e agora está dependendo muito mais da demanda interna", afirmou Rebeca Palis, técnica do IBGE. "Por qualquer ótica o investimento é destaque. O próprio aquecimento da economia favorece o investimento. Além disso, o câmbio também favorece a importação de máquinas e equipamentos e a produção interna está bem aquecida." Para o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, o resultado "é a evidência mais concreta da retomada da confiança e da maior previsibilidade conquistada pela economia brasileira ao longo dos últimos anos, que permite o aumento da capacidade produtiva". INVESTIMENTO EM ALTA A formação bruta de capital fixo --uma medida dos investimentos-- avançou 4,5 por cento frente ao segundo trimestre e 14,4 por cento em relação ao mesmo período do ano passado. A variação frente ao terceiro trimestre de 2006 é a maior da série histórica, iniciada em 1996, e marcou a 15a alta seguida. "O destaque principal é o forte crescimento da formação bruta de capital fixo... crescendo a uma taxa maior que a do PIB", comentou Silvio Campos Neto, economista-chefe do Banco Schahin. "No curto prazo, é natural que o Banco Central continue cauteloso (com a política monetária) por causa de pressões como a dos alimentos sobre a inflação. Mas o risco de inflação de demanda fica mais afastado", acrescentou o economista. O destaque entre os setores foi a agropecuária, que cresceu 7,2 por cento na comparação com o segundo trimestre. A indústria avançou 1,8 por cento e os serviços cresceram 1,2 por cento. Frente a 2006, a agropecuária avançou 9,2 por cento, o que "pode ser em grande parte explicado pelo desempenho de alguns produtos como trigo e cana-de-açúcar", de acordo com o IBGE. O desempenho da indústria de transformação também se destacou no período, com um avanço de 5,7 por cento. A taxa de investimento no terceiro trimestre do ano somou o equivalente a 18,3 por cento do PIB, o maior patamar para terceiros trimestres desde 2000, início da série histórica de dados do IBGE. A taxa de poupança, que somou 19,4 por cento no período, foi inferior à do terceiro trimestre do ano passado, quando atingiu 20,1 por cento do PIB. O crescimento do PIB acumulado nos últimos quatro trimestres encerrados em setembro é de 5,2 por cento --taxa mais forte desde 2004, segundo o IBGE. A economia também cresceu mais que o inicialmente estimado no último trimestre do ano passado e na primeira metade de 2007, de acordo com revisões feitas pelo IBGE. (Reportagem adicional de Daniela Machado)

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