Publicidade

Investimentos? Só com regras claras, diz economista

Por Agencia Estado
Atualização:

O Brasil corre o risco de ter pela frente o mesmo gargalo a que está submetida hoje a Argentina, por falta de investimentos em infra-estrutura. Ou seja, o País não poderá crescer a taxas maiores se não atrair investidores. E isso só acontecerá se o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva definir regras muito claras para a atuação das agências reguladoras, como a Aneel. A advertência foi feita pelo economista Maurício Levy, diretor da Fama Investimentos, em entrevista ao programa Conta Corrente, da Globo News. "O exemplo clássico disso é a Argentina, que teve uma retomada muito forte (do crescimento) e agora não tem energia", ressaltou. Para Levy, são necessários investimentos não apenas na infraestrutura, mas também na ampliação e modernização do setor fabril. "Só quando tiver essa capacidade produtiva é que o Banco Central pode sancionar o aumento de demanda. Ou o Brasil vai cair de novo na importação, que a gente não tem capacidade de pagar, porque não há entrada de moeda forte." Ele descartou a tese de que ainda há setores produtivos da economia brasileira que operam com capacidade ociosa: "Há setores que estão trabalhando muito próximo da capacidade total, tanto os voltados para o mercado interno como para a exportação." E lembrou que a taxa de investimento teve uma forte queda praticamente nos últimos 24 meses, em função das turbulências políticas, cujos reflexos já estão sendo sentidos. Reduzir a dívida Para o diretor da Fama Investimentos, outro ponto fundamental para despertar a credibilidade do governo junto aos investidores é a redução da dívida pública, que por sua vez terá efeitos benéficos para a taxa Selic. "Superávit primário é muito bonito, é bonito colocar no papel 4,5%, 4,75%, 4,25%, só que o Brasil tem déficit nominal ainda, gasta mais do que arrecada." Recuperação da renda Segundo Levy, a recuperação da renda dos brasileiros é um processo lento e gradual. "Alguns setores já apresentam essa recuperação. O consumo de gás, por exemplo, que há três anos estava em queda voltou a apresentar crescimento em volume no primeiro trimestre do ano." Para ele, deve-se buscar primeiro a geração de emprego e depois, então, a recomposição da renda. "Os dados do IBGE divulgados hoje (ontem) mostraram a menor queda de renda no acumulado dos 12 últimos meses. Então, há sim, um processo de recomposição, mas ele é lento." Ciclo positivo Maurício Levy concordou que há, de fato, um ciclo positivo na economia brasileira, mas sua continuidade exige investimentos, tanto externos como internos. "E esses investimentos só vêm quando o governo mostrar que há segurança nos contratos com a Anatel, a Aneel... A própria PPP (parceria público-privada) só vai dar certo se houver confiança de que as regras são estáveis."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.