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Professor de Finanças da FGV-SP

Investir em 2021? É hora de pensar

Há tiros para todos os lados e, de maneira geral, são apostas otimistas. Basta lembrar do final de 2019

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Por Fábio Gallo
Atualização:

Chega o final de ano e começam os palpites sobre as melhores oportunidades de investimentos para o ano seguinte. Há tiros para todos os lados e, de maneira geral, são apostas otimistas. Basta lembrar do final de 2019. O cenário era de boas perspectivas, com analistas dizendo que o Ibovespa iria iniciar o ano batendo 120 mil pontos e ultrapassaria os 150 mil pontos.

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O ano de 2020 foi de muitas surpresas e muito desafiador, sem dúvida. O otimismo inicial foi seguido por uma realidade dramática, com queda acumulada de 46% ocorrida em março, nos meses seguintes ficamos mergulhados na incerteza e, a partir de novembro, novo momento de otimismo. Desde o mergulho, a Bolsa já subiu mais de 77%. A despeito da situação, tivemos aumento de investidores pessoas físicas, a volta, ainda modesta, do investidor estrangeiro e um grande volume de lançamento de ações.

Mas este ano não foi desafiador somente para a renda variável. Isso ocorreu também com a renda fixa, particularmente com os títulos do Tesouro Nacional. O Tesouro Selic, um título que acompanha a taxa básica de juros, em setembro apresentou rentabilidade negativa de 0,47%, algo que não ocorria havia quase duas décadas. Agora, está oferecendo zero de retorno. O resultado é que em outubro houve mais resgates do que compras desse título.

Isso ocorre por conta da instabilidade atual, o grau de incerteza ainda é alto. Por outro lado, cresceu a aplicação em títulos prefixados e os atrelados a inflação. Muitos investidores em renda fixa não entendem como títulos de renda fixa podem apresentar retornos negativos. Mas isso é possível porque os títulos públicos garantem o retorno pactuado na data de compra se o papel for mantido até a data de vencimento. Caso o investidor queira vendê-lo antes do prazo, estará sujeito aos preços de mercado da data de venda do papel.

Vários títulos públicos estavam com rendimento negativo até outubro, mas agora já apresentam retornos positivos. Neste momento, há motivos para sermos mais otimistas, porque as vacinas estão chegando, o cenário mundial está melhorando, houve a eleição do Biden nos EUA. Embora, ainda tenhamos graus de incerteza no cenário interno. 

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Quando pensamos em 2021, não tem como levar em conta todo o aprendizado deste ano. Mesmo com muitos sinais de que teremos boas oportunidades de investimentos, devemos ser cautelosos. Manter uma reserva para emergências em ativos de menor risco é algo prudente. A diversificação da carteira é essencial, equilibrando renda fixa e variável de acordo com o apetite a risco de cada um.

A oportunidade de retorno real está na renda variável, mas não deixe de pesquisar e estudar sobre os setores e empresas que têm mais chance de se destacar no pós-pandemia. Setores ligados a tecnologia, comércio eletrônico e biotech devem ganhar destaque. Considere também as blue chips do nosso mercado que deverão se beneficiar com a retomada da economia. PROFESSOR DE FINANÇAS DA FGV-SP

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