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IOF sobre capital externo é medida 'sábia', diz Financial Times

Para jornal financeiro britânico, país acerta ao tentar evitar bolha especulativa 'antes que seja tarde demais'

Por BBC Brasil
Atualização:

Em editorial publicado nesta quinta-feira, 22, o jornal britânico Financial Times apoia a decisão do governo brasileiro de taxar em 2% a entrada de capital estrangeiro no mercado financeiro, afirmando que o país está sendo "sábio" ao tentar evitar uma bolha especulativa "antes que seja tarde demais".

 

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No artigo, intitulado "Atração fatal", o jornal avalia que "a modesta taxa sobre entrada de capital do Brasil é uma política sábia", argumentando que o fluxo excessivo de capital para o mercado pode trazer mais estragos que benefícios ao país. "A paixão dos investidores impulsionou a moeda em 54,5% em relação ao dólar e 23% em termos de comércio - até que o governo disse 'chega' e impôs uma taxa de 2% sobre a entrada de capital para carteiras de investimento. Embora investidores ofendidos tenham deixado o preço das ações e do real cair, foi uma boa escolha", diz o editorial. "Diferentemente da garota de Ipanema, o suíngue e o balanço do real é bem menos bacana e delicado", brincam os editorialistas. O editorial observa que "cada vez mais, o capital entra no Brasil através das carteiras de investimento em vez de investimento direto externo". "Enquanto a média de investimento externo direto em agosto, de US$ 1,6 bilhão, foi menos da metade de um ano antes, os fluxos para as carteiras de investimento mais que duplicaram, chegando a US$ 5,2 bilhões", cita. "Estão colocados os ingredientes para uma clássica bolha de ativos de mercado emergente. O iminente status do Brasil como potência exportadora de petróleo aumenta a pressão." Na avaliação do FT, "o governo é sábio de se preocupar antes que seja tarde demais". "Nosso sistema monetário global, frágil e febril, deixa os países emergentes com menos opções para conter as bolhas, todas piores do que esta." Para o jornal, "o Brasil tem elaborado suas políticas de maneira sensata". "A taxa é modesta. Não se aplica ao investimento direto, menos propenso às bolhas de ativos. Mais importante, ela trata o investidor honestamente, taxando-os na ida ao invés de no momento em que eles tentam reaver seu dinheiro, como fez a Malásia há uma década. Agora o governo deve tranquilizar investidores, certificando-se de que eles entendem o raciocínio". Câmbio Entretanto, o jornal avalia que a posição do governo ao tentar justificar a taxa de 2% alegando uma tentativa de controle do câmbio é "começar as coisas pelo lado errado". "A apreciação do real é sintoma da charada do Brasil; a causa subjacente são os fluxos de capitais que há anos vêm aumentando de intensidade e foram temporariamente interrompidos pela crise financeira", diz o artigo. Concluindo o editorial, o FT avalia que "um Brasil bem-sucedido terá de viver com um real mais forte". "A taxa não altera este fato, mas ajuda a manter a tarefa sob controle."

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