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IPCA-15 surpreende e sobe 0,7%

Índice fecha o ano em 4,36% e antecipa inflação oficial em 4,5% ou mais, esbarrando no centro da meta

Foto do author Francisco Carlos de Assis
Por Jacqueline Farid e Francisco Carlos de Assis (Broadcast)
Atualização:

A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor - 15 (IPCA-15) subiu acima do esperado em dezembro: 0,70%, ante uma média de previsões de 0,59% de analistas do mercado financeiro. O resultado antecipa que a inflação de 2007 vai esbarrar no centro da meta determinada pelo Banco Central (4,5%) e, para alguns, abre até mesmo a possibilidade de que seja ultrapassada. No ano, o IPCA-15, considerado uma espécie de prévia do IPCA - referência para as metas inflacionárias -, acumulou alta de 4,36%, bem acima do ano passado (2,96%). O índice é calculado com a mesma metodologia do indicador oficial, diferenciando-se apenas no período de coleta. O resultado final do IPCA de 2007 será apresentado pelo IBGE em 11 de janeiro. Para Luís Otávio de Souza Leal, economista-chefe do Banco ABC Brasil, o IPCA-15 divulgado ontem aumentou bastante a probabilidade de o IPCA fechar o ano acima do centro da meta. Segundo ele, se o IPCA de dezembro ficar em 0,75%, que é a sua projeção, a inflação chegará a 4,47%, já quase no centro da meta. Mas ele alertou que, como há analistas que trabalham com a possibilidade de uma maior taxa de inflação em dezembro, o centro da meta poderá ser ultrapassado. Gian Barbosa, da Tendências Consultoria, revisou a projeção para o IPCA de dezembro de 0,50% para 0,75% e avalia que a inflação fechará este ano bem no centro da meta, em 4,5%. "O arrefecimento da pressão de alimentos esperado para o fim de ano não aconteceu. Ao contrário, ela voltou a intensificar-se", destacou. O economista Adriano Lopes, do Unibanco, disse que as estimativas da instituição apontam um IPCA acumulado em 2007 um pouco acima do centro da meta, em 4,6%. ALIMENTOS A alta do IPCA-15 foi puxada pelos produtos alimentícios, que voltaram a acelerar (alta de 1,73% em dezembro, ante 0,23% em novembro) e contribuíram, sozinhos, com mais da metade, ou 0,37 ponto porcentual, da taxa de 0,70% apurada no mês. As carnes subiram 8,78% e deram a maior contribuição individual, de 0,16 ponto, para a inflação. Houve reajustes importantes também no feijão carioca (27,86%), batata-inglesa (11,77%), hortaliças (8,00%) e óleo de soja (4,51%). Os produtos não alimentícios também aceleraram a alta para 0,42% em dezembro, ante 0,22% em novembro. A elevação foi puxada pelos reajustes no álcool (11,45%), na gasolina (1,06%); e nos cigarros (3,60%). No acumulado de 2007, considerando os nove grupos de produtos pesquisados, a maior alta foi em alimentos (10,09%), com destaque para o feijão carioca (103,96%), batata-inglesa (70,43%), leite e derivados (20,52%) e carnes (18,09%). O destaque de queda de preços foi a energia elétrica (-5,45%). IGP-M Com os preços dos produtos agropecuários no atacado atingindo a mais intensa elevação em cinco anos (5,56%), a segunda prévia do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) de dezembro disparou, subindo 1,54%. O resultado veio acima das projeções do mercado financeiro e bem superior à taxa de igual prévia do índice em novembro (0,48%). Foi o maior resultado em mais de quatro anos para esse indicador, segundo informou ontem a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Usado para reajustar aluguel e energia elétrica, o IGP-M já acumula alta de 7,52% no ano, até a segunda prévia de dezembro, que vai do dia 21 de novembro a 10 de dezembro. Para o coordenador de Análises Econômicas da fundação, Salomão Quadros, o resultado aumenta as apostas de uma taxa anual do IGP-M maior do que a apresentada pelo Índice Geral de Preços - 10 (IGP-10), que fechou o ano com 7,38%. "O IGP-M deve ficar entre 7,5% e 8% em 2007, mas não acredito que chegue a 8%", disse o economista. COLABOROU ALESSANDRA SARAIVA

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