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IPCA: após queda, expectativa é de maior pressão ao longo dos próximos meses

Já em setembro pode haver aceleração, com avanço nos preços dos alimentos em domicílio

Por Marcio Milan
Atualização:

O IPCA de agosto registrou variação de -0,09%, abaixo do observado no resultado prévio de agosto (0,13%) e também da projeção da Tendências (0,1%). Com isso, o indicador acumulou alta de 4,19% em 12 meses.

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Para setembro, a expectativa é de aceleração do indicador, com a captação do avanço esperado para os preços dos alimentos em domicílio, principalmente. Neste sentido, a sazonalidade mais pressionada do componente do grupo somado ao repasse das pressões do atacado ao varejo devem pressionar esses preços para cima ao longo dos próximos levantamentos. Além disso, a expectativa também contempla boa aceleração no grupo de Transportes. O reajuste de combustíveis anunciado pela Petrobrás deve influenciar o avanço do preço da gasolina e a expectativa de aceleração da passagem aérea deve pressionar o grupo durante setembro.

Quanto ao resultado na margem, a queda do IPCA pode ser explicada, em grande medida, pelo comportamento dos grupos Habitação e Alimentação e Bebidas, principalmente. A desaceleração do primeiro grupo foi ocasionada, principalmente, pelo menor avanço de energia elétrica (influenciado pelo menor efeito dos reajustes em São Paulo e Curitiba). Além disso, a sazonalidade do período contribuiu para o arrefecimento do segundo componente, na comparação com o IPCA-15.

Na abertura dos preços livres, a inflação de serviços em 12 meses mostrou desaceleração na comparação com o IPCA-15 de agosto, de 3,36% para 3,32%. O item serviços excluindo passagem aérea também mostrou ligeira baixa na comparação com a prévia do mês (de 3,38% para 3,35%), assim como a medição da inflação de serviços subjacente (de 3,10% para 2,95%). Apesar de alguma volatilidade presente nos dados de alta frequência, a avaliação prospectiva para o setor segue positiva, com manutenção da trajetória de baixa até o final do ano - mantendo, entretanto, o forte componente inercial. A projeção da Tendências para este conjuntos de preços segue em 2,9% para o final de 2018.

Por fim, a média dos núcleos ficou em 0,17% (2,00% em termos anualizados), abaixo do observado no IPCA-15 de agosto (0,37% e 4,51%). De maneira geral, os núcleos devem registrar inflação mais pressionada nos próximos meses. A sazonalidade e o repasse cambial devem pressionar os preços dos alimentos e itens sensíveis à cotação nos próximos meses, pressionando também as medidas subjacentes.

*ECONOMISTA DA TENDÊNCIAS CONSULTORIA

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