
11 de março de 2021 | 15h10
A alta de 0,86% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do País, em fevereiro acentuou as perdas reais nos investimentos financeiros mais tradicionais, ligados à renda fixa.
Nos 12 meses até fevereiro, a inflação oficial acumulada em 5,20% causa prejuízos para a tradicional poupança, que teve rendimento líquido de apenas 1,82% (perda real de 3,38 pontos porcentuais), e para os CDBs, que mostram rentabilidade nominal bruta de 2,27% (perda real de 2,93 pontos porcentuais).
A poupança registra R$ 1,01 trilhão em depósitos, enquanto o estoque de CDBs totaliza R$ 1,38 trilhão. Ou seja: aplicados os respectivos rendimentos do período aos montantes e feita a comparação com o resultado de um hipotético reajuste real, as perdas chegam a R$ 34 bilhões na poupança e a R$ 40,4 bilhões em CDBs.
Os fundos de títulos pós-fixados também registram perdas reais relevantes em 12 meses, com rentabilidade variando entre 1,58% e 1,84% no período, conforme a classificação da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). No mês passado, esses fundos somavam um patrimônio de pouco mais de R$ 1,01 trilhão. Se tivessem alcançando uma remuneração equivalente à inflação, teriam obtido R$ 35 bilhões a mais em patrimônio nas carteiras.
Por outro ângulo, o investidor que enfrentou a volatilidade dos ativos de renda variável em um ano de pandemia obteve ganhos reais. Nesse período, ações do Ibovespa (5,63%) ou fundos indexados ao Ibovespa (5,29%) tiveram rentabilidade real de 0,43 ponto porcentual e 0,09 ponto porcentual, respectivamente, acima do IPCA acumulado em 12 meses até fevereiro. Os fundos de ações têm R$ 600 bilhões em patrimônio líquido.
Quem aplicou em fundos multimercados acompanhados pelo Índice de Hedge Funds (IHFA) da Anbima obteve rentabilidade nominal de 6,19% em 12 meses, ou 0,99 ponto porcentual acima da inflação. A categoria multimercados possui R$ 1,44 trilhão em patrimônio.
O investidor que aplicou em dólares via fundos cambiais obteve rentabilidade nominal bruta de 24,17% - um ganho real de 18,97 pontos porcentuais em relação à inflação. Atualmente, os fundos cambiais só registram R$ 7 bilhões em patrimônio.
Quem preferiu aplicar em fundos de investimento no exterior alcançou rendimentos nominais de 11,27% em ações, e de 11,36% em multimercados, com retornos reais de 6,07 pontos porcentuais e 6,16 pontos porcentuais, respectivamente, acima da inflação. Essas duas subcategorias reúnem R$ 715 bilhões em patrimônio líquido.
Na liderança, o investidor de ouro viu o metal alcançar valorização de 34,41% no período, um ganho real de 29,21 pontos porcentuais em 12 meses.
Em fevereiro, enquanto a inflação oficial alcançou o maior nível para o mês desde 2016, a poupança teve rentabilidade líquida de 0,12% (perda real de 0,74 ponto porcentual). Em nível próximo, o certificado de depósito bancário (CDB) mostrou rentabilidade bruta - antes dos impostos - de 0,13% (perda real de 0,73 ponto porcentual).
Em paralelo, na renda variável, o Ibovespa mostrou queda de 4,37% em fevereiro, enquanto o ouro desvalorizou 4,87% no mês. Somente o dólar, com alta de 0,99%, superou a inflação oficial (0,86%), em 0,13 ponto porcentual.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.