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IPCA de abril fica em 0,80%; maior índice desde 1997

Por Agencia Estado
Atualização:

A inflação de abril, medida pelo IPCA, chegou a 0,80%, maior taxa no quatro mês do ano desde 1997, quando cravou 0,88%. Apenas os aumentos da gasolina (8,7%) e do gás de cozinha (8,74%) responderam por quase 60% da inflação captada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no mês passado. Com os três aumentos nos preços da gasolina entre março e abril, a redução anunciada do início do ano de 25% nas refinarias está sendo praticamente anulada e os preços do produto voltam ao nível de dezembro. O IPCA de abril avançou 0,20 ponto porcentual comparado à taxa de 0,60% em março. Enquanto o impacto da gasolina foi de 0,34 ponto porcentual no índice de abril, a contribuição do gás de botijão chegou a 0,13 ponto, num total de 0,47 ponto. Oferta Os alimentos, contudo, compensaram em parte o avanço de preços. Depois de subirem por 15 meses seguidos, desde janeiro de 2001, os preços dos alimentos caíram em abril (-0 32%). Em abril do ano passado, o grupo aumentou 1,80%, por conta da estiagem e do avanço do câmbio. "A queda do preço dos alimentos aconteceu por uma boa oferta de produtos, uma safra estimada em mais de 98 milhões de toneladas/ano, clima favorável. Além disso, a pecuária também vem ajudando com quedas dos preços das carnes", afirmou a chefe do Sistema de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos. Questionada sobre eventual efeito do recente aumento do câmbio sobre os preços agrícolas, Eulina disse que há quedas em abril muito grandes em itens com produção local, como arroz (-4 64%) e feijão-preto (-4,05%). Quanto ao risco de ainda sobrarem repasses dos aumentos de combustíveis para maio, Eulina disse que não é possível prever, em função da concorrência. A avaliação é semelhante a do chefe do Departamento de Estudos de Preços da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Paulo Sidney Melo Cota. No entanto, poderá haver até um ligeiro recuo do preço do produto até o fim de maio, por conta da competição. Até agora, os três reajustes da gasolina estão compensando quase toda a redução de preço do início do ano. Segundo o IBGE, os preços da gasolina captados caíram 14 53% nos dois primeiros meses do ano, mas já subiram 13,22% no acumulado de março a abril. O produto subiu nas refinarias três vezes, informou o IBGE: 2,2% (dois de março), 9,39% (16 de março) e 10,08% (06 de abril). "A redução está sendo praticamente anulada pelos resultados entre março e abril", disse Eulina. Em Curitiba (PR) os preços já voltaram aos níveis de dezembro e em São Paulo (SP) estão muito próximos. Ainda assim, o preço dos combustíveis acumula queda de 3,24% e impacto de -0 14 ponto porcentual sobre o IPCA acumulado. Maiores altas Levando em conta o IPCA acumulado até abril, de 2,30%, os principais vilões foram os preços do gás de cozinha, que subiram 26,09%, e da energia elétrica, 8,49%. Somados, os impactos dos dois produtos (0,68 ponto porcentual) representaram 30% da inflação de janeiro a abril. As outras principais contribuições até abril foram: cursos (aumento de 6,94% e impacto de 0,28 ponto), alimentos (1 12% e 0,26 ponto), remédios (4,62% e 0,18 ponto), ônibus urbano (3,1% e 0,14 ponto) e automóveis usados (2,3% e 0,11 ponto).

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