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IPCA desacelera em junho, mas supera 6% em 12 meses

Por RODRIGO VIGA GAIER E RENATO ANDRADE
Atualização:

A inflação "oficial" do país desacelerou em junho, mas no acumulado em 12 meses ultrapassou a marca de 6 por cento pela primeira vez desde novembro de 2005 e pode superar o teto da meta em julho, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que baliza a política de metas do governo, registrou alta de 0,74 por cento no mês passado, frente a 0,79 por cento em maio. O dado ficou abaixo das estimativas de economistas consultados pela Reuters, que projetavam avanço de 0,80 por cento. A desaceleração do índice ajudou a reduzir a pressão sobre os contratos de juros negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F). O contrato com vencimento em janeiro de 2009 apontava taxa de 13,34 por cento, às 11h25. O contrato janeiro de 2010 recuava para 15,08 por cento. Os preços dos alimentos foram, mais uma vez, os responsáveis por boa parte do avanço do IPCA. A alta dos preços desse grupo respondeu por 63 por cento de toda a variação do IPCA em junho, informou o IBGE nesta quinta-feira. "A alta de 2,11 por cento no grupo Alimentação e bebidas foi ainda maior do que a registrada em maio (1,95 por cento)", destacou o IBGE em comunicado. COLADA NO TETO No primeiro semestre do ano, o IPCA registrou avanço de 3,64 por cento. Nos últimos 12 meses, a alta foi de 6,06 por cento. A última vez em que o acumulado em 12 meses havia superado a marca de 6 por cento foi em novembro de 2005, quando o índice registrou avanço de 6,22 por cento. Em julho, a taxa acumulada em 12 meses poderá ficar acima do teto da meta de inflação definida para o ano, afirmou Eulina Nunes dos Santos, economista do IBGE. Segundo ela, o mês de julho vai concentrar grandes pressões vindas de alimentos, preços administrados, tarifas públicas e combustíveis. "Não é improvável que supere (o teto da meta) já em julho", disse. A meta de inflação é de 4,5 por cento, com margem de tolerância de 2 pontos percentuais, para cima ou para baixo. A aceleração do indicador nos últimos meses fez com que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevasse o juro duas vezes seguidas desde abril, colocando a Selic em 12,25 por cento ao ano. No Relatório de Inflação do segundo trimestre, o BC afirmou que existe 25 por cento de chance de a inflação ultrapassar o teto da meta. O BC estima, entretanto, que o IPCA fechará o ano com alta de 6,0 por cento. Para a economista do IBGE, o IPCA pode passar boa parte do segundo semestre pressionado. "No segundo semestre do ano passado, as taxas foram baixas para o nível de inflação deste ano... com a pressão de alimentos e administrados é possível que (a taxa acumulada em) 12 meses supere em grande parte os acumulados até então." (Reportagem adicional de Silvio Cascione)

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