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Previsão do mercado para a inflação em 2016 tem a 7ª alta seguida e chega a 7,61%

IPCA distancia-se cada vez mais do teto da meta para este ano, de 6,50%; estimativas para a economia também pioraram e analistas já projetam queda de 3,33% do PIB em 2016  

Foto do author Célia Froufe
Por Célia Froufe (Broadcast)
Atualização:

O Relatório de Mercado Focus trouxe ainda um reflexo da surpresa com o IPCA de janeiro, acima do teto das estimativas. No documento divulgado nesta segunda-feira, 15, pelo Banco Central (BC), a mediana das previsões para a inflação de 2016 subiu pela sétima vez consecutiva, de 7,56% para 7,61%. Com isso, distancia-se ainda mais do teto da meta deste ano, de 6,50%.

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Quatro semanas atrás, estava em 7,00%. Entre as instituições que mais se aproximam do resultado efetivo do índice no médio prazo, denominadas Top 5, a mediana das expectativas manteve-se em 8,13% de uma semana para outra - um mês antes, estava em 7,54%.

No caso de 2017, a mediana ficou congelada em 6,00% de um levantamento para o outro - quatro edições atrás estava em 5,40%. A previsão do mercado segue, portanto, exatamente no teto de 6,00% da meta do ano que vem. Essa barreira, no entanto, já foi ultrapassada em muito pelo grupo Top 5 de médio prazo. Desta vez, porém, não houve ajuste e a taxa seguiu em 6,40%. Um mês antes, essas instituições apontavam para um IPCA de 5,50%.

Em janeiro, inflação dos alimentos tevemaior alta para o mêsdesde o início do Real Foto: Marcelo Camargo/ABr

De acordo com o último Relatório Trimestral de Inflação, divulgado em dezembro, o BC projeta que a inflação encerre este ano em 6,2% no cenário de referência e em 6,3% pelo de mercado. Para 2017, a estimativa da autoridade monetária está em 4,8% pelo cenário de referência e de 4,9% pelo de mercado. Na ata mais recente do Comitê de Política Monetária (Copom), a instituição informou que houve aumento desses porcentuais nos dois casos em ambos cenários.

A piora das previsões para a inflação deste ano foi acentuada depois de o IPCA de janeiro vir mais salgado, mas teve início após uma semana tumultuada para a política monetária. No primeiro dia do primeiro Copom deste ano, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, fez um comentário surpresa sobre as novas estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deste e do próximo ano. A ação seguinte do colegiado foi a manutenção dos juros básicos da economia em 14,25% ao ano.

Até o comentário de Tombini, a expectativa maciça do mercado financeiro era de alta de 0,50 ponto porcentual da Selic. O Copom foi dividido por seis votos de manutenção contra dois de alta imediata dos juros para 14,75% ao ano.

Vilões da inflação de 2015, os preços administrados foram colocados agora de lado pelo mercado financeiro. No ano passado, esse conjunto de itens subiu 18,07%, mas a expectativa de que terão alta de 7,70% em 2016 foi mantida no Relatório de Mercado Focus. Quatro semanas atrás, a mediana estava em 7,55%.

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Tombo do PIB. O Produto Interno Bruto (PIB) deste ano deve ter retração de 3,33%, aponta o Focus desta segunda-feira. Na edição anterior do documento, a estimativa era de baixa de 3,21% e na de quatro semanas atrás, de recuo de 2,99%. Para 2017, a expectativa de recuperação se deteriorou mais um pouco, com a mediana das estimativas saindo de uma alta de 0,60% para 0,59%. O ajuste desta vez, o quarto consecutivo, foi pequeno, mas um mês atrás, a projeção era de crescimento de 1,00% da atividade.

A produção industrial segue como principal setor responsável pelas previsões para o PIB em 2016 e 2017. No boletim Focus, a mediana das estimativas do mercado para o setor manufatureiro revela uma expectativa de baixa de 4,20% para este ano ante -4,00% prevista na semana passada. Na pesquisa realizada quatro semanas atrás, a mediana das estimativas estava em -3,47%. Para 2017, mantiveram-se pela terceira vez seguida as apostas de expansão de 1,50% para a indústria. Quatro semanas antes, estava em 1,80%.

Com incertezas vindas do quadro internacional, os economistas brasileiros também mexeram em suas previsões para o câmbio do fim deste ano. O documento aponta para uma cotação de R$ 4,38 no lugar da estimativa de R$ 4,35 vista na semana passada - um mês antes, estava em R$ 4,25. Apesar disso, o câmbio médio de 2016 ficou inalterado em R$ 4,20 de uma semana para outra - um mês antes, estava em R$ 4,14.

Juro estável. Pela segunda semana consecutiva, os analistas mantiveram as estimativas para a Selic em 2016. Desta vez, no entanto, corrigiram para cima as projeções para o ano que vem. De acordo com o levantamento, a taxa básica de juros permanecerá nos atuais 14,25% ao ano até o encerramento de 2016, como já constava na edição anterior do documento. Um mês antes, a aposta era de taxa de juros a 15,25% no encerramento do ano.

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Para 2017, a mediana das previsões das instituições participantes voltou do patamar de 12,50% ao ano para 12,75% de uma semana para a outra - quatro levantamentos atrás estava em 12,88%. 

Essas novas previsões mostram que o mercado ainda está sem direção ao tentar entender os acontecimentos que antecederam a reunião do Copom. Nas estimativas do grupo dos analistas consultados que mais acertam as projeções, a previsão para a Selic no fim de 2016 manteve-se em 14,00% ao ano - um mês atrás, estava em 15,38% aa. Para o encerramento de 2017, esses mesmos analistas mantiveram a expectativa de taxa a 12,25% ao ano ante mediana de 13,00% de um mês antes.

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