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IPCA reduz folga frente à meta, mas pressão deve ceder

Por RODRIGO VIGA GAIER
Atualização:

A inflação "oficial" do país subiu como o previsto em agosto, mas a variação acumulada em 12 meses indica uma folga menor frente à meta fixada pelo governo. Para os próximos meses, a expectativa é de que os preços administrados e o câmbio amenizem a pressão dos alimentos. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,47 por cento, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira, em linha com o estimado por economistas, após a taxa de 0,24 por cento em julho. A alta de agosto foi a maior desde dezembro do ano passado, quando o IPCA subiu 0,48 por cento. "A folga (frente à meta) diminuiu, mas há elementos para ajudar daqui para frente, mesmo se a pressão dos alimentos seguir", disse à Reuters a economista do IBGE Eulina Nunes dos Santos. No ano, o IPCA acumula alta de 2,80 por cento. Nos últimos 12 meses, a elevação é de 4,18 por cento --a maior desde maio de 2006, quando o IPCA registrava taxa de 4,23 por cento nesse tipo de comparação. "O grupo Alimentos continua pressionando bem, apesar de ter desacelerado em relação ao IPCA-15. A inflação vai diminuir um pouco (até o final do ano), mas ela mudou de patamar", afirmou Silvio Campos Neto, economista-chefe do Banco Schahin. Ele chama atenção para o índice de dispersão, um indicativo de como a inflação está espalhada, que passou de 59 por cento em julho para 63 por cento. AJUDA EM SETEMBRO Os núcleos também avançaram. O índice por médias aparadas com suavização passou de 0,2 por cento em julho para 0,4 por cento, segundo cálculo de um economista. O sem suavização subiu de 0,17 por cento para 0,4 por cento e o por exclusão, de 0,08 por cento para 0,3 por cento. Os alimentos contribuíram para a inflação deste ano, até agora, com 1,38 ponto percentual da inflação, quase a metade do total. De acordo com o IBGE, o leite e os derivados estão ditando o ritmo da inflação há quatro meses e não há sinais claros do fim da pressão sobre o IPCA. "Em agosto, o grupo já começou a desacelerar, mas há informações de que o leite já estaria subindo de novo em algumas áreas produtoras", acrescentou Eulina. A pressão dos alimentos tem afetado mais as famílias com rendimento de até oito salários mínimos. Segundo a economista do IBGE, a conversão da conta de telefone de pulso para minutos deve provocar uma redução no item telefone fixo em setembro. "Os administrados e o próprio dólar estão ajudando a conter a inflação em 2007. Isso vai se repetir em setembro. No ano, a própria energia elétrica já trouxe os preços para baixo e o efeito do dólar permeia todo o índice." O IPCA é utilizado pelo governo para balizar a política de metas de inflação. A meta do ano é de 4,5 por cento, com margem de variação de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo. (Colaboraram Daniela Machado e Renato Andrade)

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