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Ipea aumenta projeção de variação do PIB deste ano

Número exato não foi divulgado, mas estima-se que será entre 3,6% a 4%

Por Agencia Estado
Atualização:

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aumentou sua projeção para a variação do Produto Interno Bruto (PIB) este ano para um número superior 3,6% - previsão que consta no último boletim trimestral de conjuntura, de dezembro - e menor que 4%. O número exato será divulgado na quarta-feira, 7, com a publicação da edição deste mês do boletim de conjuntura do Ipea. O economista do Ipea Fábio Giambiagi, que adiantou as informações em entrevista nesta segunda na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), disse que o Instituto poderá fazer nova revisão após a divulgação dos números do PIB com a nova metodologia desenvolvida pelo IBGE para a pesquisa de Contas Nacionais. No fim deste mês, será divulgada a variação do PIB com a metodologia nova. Pela atual, o PIB cresceu 2,9% no ano passado. Ele entende que ainda não se deve considerar eventuais efeitos da crise nos últimos dias no mercado financeiro mundial nas projeções do PIB. "Evidentemente, se tiver uma carnificina no mundo, as coisas podem mudar. Mas no momento me parece prematuro e até indevido fazer previsões de colapso da economia mundial", disse. Baixo crescimento Giambiagi, que fez a apresentação de encerramento do seminário "Cenários da Economia Brasileira e Mundial em 2007", promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), disse que na média de 1995 a 2006, o Brasil só cresceu mais nas Américas que seus sócios do Mercosul, Uruguai, Paraguai, Venezuela e Argentina. Somando a esse período o desempenho esperado para este ano, Argentina e Venezuela devem superar o Brasil, que ficará com a terceira pior média do continente, na frente apenas de Uruguai e Paraguai. O baixo crescimento do PIB é atribuído por ele ao nível também baixo do investimento no conceito de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), integrado por construção civil e máquinas e equipamentos. "O investimento só alcançou o nível de 1980, como número índice, no ano passado", disse. Mas considerando o aumento do PIB acumulado desde 1980, "a taxa de investimento real hoje é muito inferior a de 1980". Giambiagi disse que a parte doméstica do PIB tem crescido. No entanto, a variação do PIB em 2006 foi só de 2,9% porque com o aumento das importações houve uma contribuição negativa do setor externo de - 1,4 ponto percentual. "Acho que foi um erro de marketing político ter colocado tanta ênfase no indicador PIB em vez de, por exemplo, na absorção interna. Alguém devia ter soprado no presidente: ´presidente, o povo não come PIB´", disse Giambiagi. Déficit Este ano o Brasil vai atingir o seu menor índice de déficit do setor público em muito tempo, de 2% do PIB, previu Giambiagi. "Se o Brasil estivesse na Europa, poderíamos aderir ao euro", disse Giambiagi, em referência a atingir um nível abaixo do exigido para sócios da União Européia. O déficit público foi em média de 6,7% do PIB entre 1995 e 1998, caiu para 4,4% entre 1999 e 2002 e daí para 3,6% entre 2003 e 2006. Aumento dos gastos Giambiagi centrou fogo no aumento de gastos primários do governo, que subiram de 20,39% do PIB em 2003 para 24,30% do PIB em 2006, quase 4% do PIB. "Na sociedade brasileira está profundamente enraizada a idéia de que sofremos um processo de arrocho. Eis o arrocho, o gasto público passou de 15% do PIB em 1991 para 24% do PIB agora", disse. Giambiagi leu trechos que passou em transparências. "Há 20 anos que praticamos a ´política do coitado´. Há um problema com alguém? Coitado! E tome gasto público na veia", foi um desses trechos. Ele acredita que "o Brasil precisa se assumir como um país capitalista". Previdência Mais uma vez, Giambiagi destacou a necessidade de mudanças na previdência, como a decisão de fixar idades mínimas para aposentadoria no setor privado e de desvincular o salário mínimo da previdência. "Quem diz que isso vai jogar aposentados na sarjeta está usando de má fé. Ninguém no debate defende abandonar os idosos", disse. De acordo com Giambiagi, "a política previdenciária brasileira é um equívoco completo". No entanto, disse, "falta coragem das lideranças políticas de enfrentar o problema de frente". Ele usou um trabalho do economista Ricardo Paes de Barros, também do Ipea, que identifica que um aumento de 10% no salário mínimo teria um custo de cerca de R$ 3,3 bilhões, dos quais apenas R$ 100 milhões de fato ajudariam no combate a pobreza. Para Giambiagi, o Bolsa Família é uma forma mais eficiente de combater a pobreza.

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